TEMA: TEONTOLOGIA
PERGUNTA – Todas as pessoas têm boas qualidades. E Deus? A Bíblia revela suas boas qualidades?
RESPOSTA – As pessoas têm boas e más qualidades. Deus só possui boas qualidades, perfeitas em grau absoluto. Quanto à pergunta, em linguagem teológica chamamos as qualidades divinas como atributos. Há dois tipos de atributos em Deus: (a) aqueles que chamamos de incomunicáveis, isto é, que apenas Deus possui e não compartilha conosco; (b) aqueles que chamamos de comunicáveis, ou seja, que Deus possui e nos dota da faculdade de exercê-los, mesmo que em grau menor e de forma incompleta e imperfeita.
Deus possui os seguintes atributos incomunicáveis:
Todos esses atributos inigualáveis de Deus nos inspiram a adorá-lo, reconhecendo-o como o único Deus verdadeiro. – Isaías 44:6; 45:5.
Deus possui também os seguintes atributos comunicáveis:
Saber desses atributos nos ajuda a conhecê-lo mais e adorá-lo melhor. – Pr.Fernando Galli.
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PERGUNTA – Se a Bíblia afirma que Deus fez tudo com um propósito e fez o ímpio para o dia do mal (Provérbios 16:4), e diz também que Deus cria o mal (Isaías 45:7), podemos concluir que Deus decretou que o homem pecasse para algum propósito?
RESPOSTA CRISTÃ – Os decretos de Deus se referem a tudo aquilo que Deus determina que ocorra. Por exemplo, em Gênesis 1:3, Deus decreta: “Haja luz”. E assim se deu. Mas em momento algum lemos na Bíblia sobre Deus decretar: “Haja o pecado”. Afirmar isso equivaleria dizer que Deus é o autor moral do pecado, e que o homem ímpio seja o autor praticante do pecado decretado por Deus, o que seria um absurdo.
Deus, ao criar o homem, sabia que o homem pecaria, não apenas por ser onisciente, mas devido à infinita distância entre o Criador e sua criatura.* Mas por que Deus o criou se ele pecaria e herdaria o sofrimento e a morte? (Romanos 5:12) Por amor! Desde sempre, Deus soube de que ao criá-lo, este pecaria, por isso criou também o plano de salvação para o homem pecador. Assim, Deus proveu Jesus para morrer pelos nossos pecados. Uns corresponderiam à salvação, outros não, por serem ímpios.
Em Provérbios 16:4, diz-se que Deus criou todas as coisas, inclusive o ímpio para o dia do mal. Isto é, Deus criou as pessoas que jamais se converteriam a Cristo, as ímpias. Por que as criou se sempre soube que jamais se converteriam? Dentre outras explicações, Provérbios 16: 4 afirma que Deus as criou para o dia do mal, na mente de Deus, já que não seriam salvas foram destinadas para o julgamento eterno.
Quanto a Deus decretar o mal, o texto de Provérbios 16:4 não diz que Deus fez (ou criou) a impiedade, mas criou tudo e todos, incluindo aqueles que seriam ímpios.
No caso de Isaías 45:7, o mal que ele cria é o mal punitivo, não o mal moral. Ao executar seu julgamento contra os ímpios, ele cria o mal a eles, por dar-lhes algo muito mal como punição, ou seja, o inferno de fogo. – Apocalipse 20:10; 21:14.
Infelizmente, muitos no afã de explicar Deus acabam indo além das Escrituras. (1 Coríntios 4:6) Não conseguem enxergar a diferença entre Deus permitiu que o pecado entrasse no mundo e Deus decretar o pecado. E se decretou o pecado de Adão e Eva, decretou todos os outros, inclusive os massacres e genocídios humanos em toda a história da humanidade. Essa interpretação chega a ser tão herética que contradiz terrivelmente as Escrituras em vários textos. Por exemplo, imagine a prática de queimar crianças no fogo ao deus Moloque. Segundo esses fatalistas irresponsáveis, Deus decretou desde a eternidade que surgissem pessoas más que queimariam pessoas no fogo como sacrifício ao seu deus, Moloque. Mas de alguma forma Deus permanece sem a culpa do pecado que ele decretou, assim, quando os ímpios ofereciam crianças no fogo a Moloque, este pecado decretado por Deus caía sobre quem fazia holocaustos humanos. Todavia, como é possível que Deus tenha decretado esse pecado se Ele mesmo disse que fazer tal coisa nem lhe havia subido ao coração? – Jeremias 7:31.
Ao interpretarmos a Bíblia, precisamos tomar cuidado ao explicar a origem do mal como sendo um decreto divino, e não uma decisão do pecador. De modo irresponsável, alguns têm dito que Deus decretou o pecado de Adão e Eva e todos os outros para a glória dele, mas põe a culpa apenas nos pecadores. Mas onde a Bíblia ensina isso? Em lugar nenhum!
Assim, ao interpretar a origem do mal, não o atribua a Deus, mas às criaturas pecadoras que fazem mal suas escolhas. Não fira o caráter de Deus em hipótese alguma! Antes de afirmar: “Deus decretou o mal, mas não sabemos como Ele faz para não ser o responsável pelo pecado cometido, mas sim o pecador”, melhor será afirmar: “Deus não decretou o pecado, mas decretou que pessoas viessem ao mundo, mesmo sabendo que elas pecariam.” Ir além disso é mera especulação e ir além das Escrituras. – Pr. Fernando Galli.
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* Os anjos são criaturas, mas nem todos pecaram. Isto porque a Bíblia fala de anjos eleitos (1 Timóteo 5:21), ou seja, anjos que Deus preservou do pecado.
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PERGUNTA – Como sabemos que Deus existe?
RESPOSTA CRISTÃ – Em teologia, aprendemos argumentos em favor da existência de Deus. Mas será que precisamos deles para crer em Deus? Vejamos esses argumentos.
Argumento Histórico. Qualquer civilização com a ideia de Deus, e atribui sua existência a um criador. É por isso que todas as narrativas descobertas por arqueólogos sobre a origem da vida sempre convergem para a existência de um Deus Criador.
Embora procurem provar a existência de Deus, e tenham até valor argumentativo[1], tais argumentos não são nada diante do testemunho da Bíblia. Observe como o próprio Deus nos convence a crer nEle através de sua Palavra:
Assim, se você e eu cremos em Deus, é porque Ele primeiro nos convenceu de sua existência, e nos levou a crer na Bíblia. Ele nos atraiu até Jesus, e para sempre, no reino dos céus, contemplaremos a glória do Grande Deus! Muito obrigado, meu Senhor e meu Deus! – Pr. Fernando Galli.
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[1] “Os argumentos favoráveis à existência de Deus constituem-se numa das tentativas mais magníficas da mente humana no sentido de libertar-se do mundo e ir além do âmbito sensível ou fenomenal da experiência. Sem dúvida, a questão da existência de Deus é a mais importante da filosofia humana. Afeta a totalidade do teor da vida humana, quer o homem seja considerado o ser supremo do universo, quer se acredite que ele tem acima de si um ser superior a quem deve amar e obedecer, ou, talvez, até mesmo desafiar.” – Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, p. 421.
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PERGUNTA – Deus ama o Diabo?
RESPOSTA CRISTÃ – Não sei se você vai amar ou odiar minha resposta. Mas na minha opinião, sim. Mas como se a Bíblia diz que Deus odeia objetos para adoração (Deuteronômio 16:22), o que ama a violência (Salmos 11:5), odeia os que adoram ídolos fúteis (Salmos 31:6), odeia lábios mentirosos (Provérbios 12:22), odeia os desígnios dos maus (Provérbios 15:26), odeia o peso fraudulento e a medida falsa, ou seja, os que praticam essa farsa (Provérbios 20:10, 23)? Como Deus ama o Diabo se o condenou ao inferno de fogo para sofrer e ser atormentado pelos séculos dos séculos? (Apocalipse 20:10) Como Deus ama o diabo se a Bíblia diz que “se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele? – 1 João 2:15.
Compreendo o questionamento, mas a resposta cristã para essa questão não pode excluir o fato que o Deus que é amor (1 João 4:8) sustenta todas as coisas pela palavra de seu poder e concede vida a todas as suas criaturas – o que é um ato de amor – quer sejam anjos ou demônios, arcanjos ou o diabo, quer sejam humanos ou animais. Por incrível que parece, ao mesmo tempo que o diabo acusa a Deus e seus filhos, Deus sustenta a vida dele. É exatamente isso que torna o Diabo tão eternamente perverso e irrecuperável: Jamais aceitar o eterno amor de Deus por ele.
E se Deus sustenta a vida, mesmo dos que já estão no hades em tormento, e do próprio diabo que um dia será lançado no Lago de Fogo, isto é evidência do amor de Deus, já que Deus simplesmente poderia destruí-los para sempre. O amor de Deus para com os ímpios e o próprio Diabo se observa pelo simples fato de Deus os puni-los para sempre. A punição eterna evidencia que Deus os ama tanto que os condena para sempre e torna que esta condenação lhes seja suportável para que continuem vivos, mesmo que mortos em pecados e delitos para todo o sempre. A ira e o ódio de Deus sobre eles é evidência de sua sabedoria, de sua justiça, de sua soberania, e por que não de seu amor por eles?
Certa vez Jesus disse: “No dia do juízo, haverá menos rigor para os de Sodoma do que para ti (Cafarnaum)”. (Mateus 11:24) Em outras palavras, Jesus quis ensinar que de alguma forma, no juízo (de consequências eternas), uns serão punidos com menos rigor que outros, e isto é evidência de graça e do amor de Deus. Eles suportarão mais do que outros. Mesmo que o Diabo seja o que mais sofrerá as consequências do rigor de Deus, ainda assim Deus estará no Lago de Fogo, pois Ele é o Criador e dono de tal lugar preparado para o diabo e seus anjos. (Mateus 25:41) Ali o amor de Deus não estará com o diabo, não na acepção de dar-lhe a vida eterna em Cristo (e assim também, desde já, muitos não têm esse amor de Deus por não terem sido salvos em Cristo Jesus). O amor de Deus também não estará com diabo para todo o sempre na acepção de Deus perdoá-lo e tolerar seus eternos insultos e queixas contra Deus. Mas o amor de Deus estará com todos os condenados ao fogo eterno por Deus sustentar a vida deles, o que desde já acontece com todos os que, mesmo debaixo da ira de Deus, de alguma forma se beneficiam da graça comum a todos – a vida, as chuvas, o alimento, ou seja, mesmo estando debaixo da ira de Deus (João 3:36), de alguma forma se beneficiam do seu amor.
Termino por afirmar: Deus, em sua onisciência, sabia que o diabo se tornaria o que se tornou. Então, foi por amor que o criou, foi por amor que sua ira se manifestou contra ele, foi por amor que o condenou, e será por amor que o sustentará em existência para sempre, mas não um amor para conviver na culpa, mas na sustentação sem fim de sua existência.
Isto nos ensina, então, a amar os nossos inimigos. Não por concordar com o que fazem, mas por de alguma forma nos importarmos com eles, até mesmo orando por eles. – Mateus 5:44.
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PERGUNTA – Quando Jesus disse “quem vê a mim, vê o Pai”, em João 14:9, não estava ele ensinando ser o próprio Pai, que veio como Filho?
RESPOSTA CRISTÃ – O Filho ser o Pai foi uma doutrina combatida pela Igreja nos séculos três e quarto, chamada por nomes como Sabelianismo, Patripassionismo, e hoje como Unicismo. Não é ensino Bíblico.
Quem via Jesus via o Pai por Jesus ser a representação exata do Ser de Deus, o Pai. (Hebreus 1:1-3) Mas mesmo tendo dito essas palavras de João 14:9, nunca os apóstolos o consideraram como o Pai, mas como o Filho de Deus (Mateus 16:16) ou o Filho do Pai (2 João 1:3)
Não bastasse o testemunho apóstólico de que Jesus não é o Pai, mas tem um Pai, o próprio Jesus ensinou ser uma pessoa distinta do Pai, quando disse: “Na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu dou testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou também dá testemunho de mim.” (João 8:17, 18) Quem são os dois homens que testemunhavam o ensino de Jesus como verdadeiro? Uma pessoa só, que era o Pai e o Filho ao mesmo tempo? Claro que não! Eram duas pessoas, o Pai e o próprio Filho. Dois homens, ou duas pessoas, assim como na Lei de Deus, em que duas pessoas poderiam testemunhar a veracidade de um assunto ou em favor de alguém. O testemunho de uma só pessoa não servia para nada, segundo a Lei de Deus: “Quem tiver de morrer será morto pela palavra de duas ou de três testemunhas, mas não morrerá pela palavra de uma só testemunha.” (Deuteronômio 17:6) Por isso, cremos que Jesus não se considerava a mesma pessoa que o Pai.
PERGUNTA – Por que o Deus do Antigo Testamento é menos amoroso e mais vingativo que o Deus do Novo Testamento?
RESPOSTA CRISTÃ – Não. Ele é o mesmo. Ele não muda. (Malaquias 3:6) Ele continua sendo amor e executando, no NT, sua vingança. Os condenados ao tormento eterno que o digam! (Mateus 25:41, 46; Apocalipse 20:10; 21:8) A questão o AT expõe o pecado, as consequências e a punição de Deus de um modo mais explícito porque o homem precisava de um Salvador. Com a vinda dele, e a realização de sua morte vicária, a ira justa de Deus é deixada mais explícita para o julgamento final, enquanto o homem tem a oportunidade de se converter, usufruindo da graça de Deus por meio da fé – isto é dom de Deus. (Efésios 2:8-10) Então, o homem, pela fé, conhece mais o amor de Deus no NT.
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PERGUNTA – Sou testemunha de Jeová, e lhe pergunto: Se a doutrina da Trindade era uma verdade sólida, porque é que Jesus e os seus discípulos não contrariaram o Shema do antigo Testamento: “Ouve ó Israel: Jeová, nosso Deus é um só Jeová”. (Deuteronômio 6:4) Porque é que ao invés disso, Jesus citou essa mesma escritura em Marcos 12:29?
RESPOSTA CRISTÃ – As TJs, sempre sinceras em seu estudo, ainda não compreenderam que nós não contrariamos o SHEMA do Antigo Testamento. Cremos que YHWH é um só YHWH. E o Corpo Governante e suas TJs sabem disso. No livro TJ – Raciocínios à Base das Escrituras – definem a doutrina da Trindade da seguinte forma:
“TRINDADE. A doutrina fundamental das religiões da cristandade. Segundo o Credo de Atanásio, há três pessoas divinas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo), sendo cada um destes, alegadamente, eterno, todo-poderoso, não sendo nenhum maior ou menor do que o outro, sendo cada um deles, alegadamente, Deus, e, não obstante, juntos um só Deus.” – Torre de Vigia. Raciocínios à Base das Escrituras, p. 397.
Assim, não somos como os mórmons, que creem que o Pai é Deus, o Filho é outro Deus, e o Espírito é outro Deus. Não somos unicistas modalistas, que creem que primeiro YHWH teve a função de ser Pai, depois de Filho e finalmente de Espírito Santo (uma pessoa com três modos de se manifestar). Cremos que YHWH sempre foi, é e será o ÚNICO Deus. Todavia, se nosso Deus Todo-Poderoso YHWH coexiste e subsiste em três Pessoas distintas, ao mesmo tempo, e se revelou como tais no seu devido tempo, não nos cabe entender como Ele consegue ser TRIÚNO, afinal apenas o Espírito Santo de Deus conhece as coisas de Deus. (1 Coríntios 2:10, 11) Nos cabe provar que a crença é bíblica, embora tenhamos a mente limitada para explicar este mistério tão difícil para nossas mentes tão pequenas. E cremos que nossa fé sobre a Trindade está na Bíblia, em muitos versículos. Quanto a Jesus, ele não negou o Shema, pois de fato há um só YHWH. Nós, trinitários, também cremos nisso. E aprouve Deus se revelar como Deus Triúno de forma implícita nas Escrituras, querer que apenas na era da Igreja tivéssemos a compreensão de que Ele é um Deus Triúno.
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PERGUNTA – Se Jeová disse que Adão e Eva morreriam naquele mesmo dia (Gênesis 5:4), mas eles não morreram, isto não torna Jeová o Pai da mentira? – João 8:44.
RESPOSTA CRISTÃ – Os filhos da mentira chamam YAHWEH de Pai da mentira, porque o pai deles é o pai da mentira – o diabo. (João 8:44) Deus não mentiu. Adão morreu no mesmo dia para Deus, mas em sentido espiritual, que gerou a sua morte gradativa, até seu último suspiro. E o homem herdou de Adão a morte, tanto física como espiritual, por isso Jesus fala: “Deixe os mortos enterrarem seus mortos” (Lucas 9:60) e Paulo diz “outrora estávamos mortos em pecados e delitos”. (Efésios 2:1, 5) Além do que a Bíblia ensina que Deus não pode mentir. – Hebreus 6:18.