Uma das maravilhas da Palavra de Deus reside no fato de ela nos advertir contra o pecado, usando exemplos daqueles que erraram.
O apóstolo Paulo, escrevendo sua Primeira Carta aos Coríntios, no capítulo 10, versículos de 1 a 13, adverte aqueles cristãos a não colocarem Deus à prova.
Veja o relato:
“1 Pois, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. 2 Todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar. 3 Todos comeram do mesmo alimento espiritual, 4 e todos beberam da mesma bebida espiritual, porque bebiam da rocha espiritual que os acompanhava; e essa rocha era Cristo. 5 Mas Deus não se agradou da maior parte deles, e por isso seus corpos ficaram prostrados no deserto. 6 Essas coisas aconteceram como exemplo para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. 7 Não vos torneis idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para se divertir. 8 Nem pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram, e caíram num só dia vinte e três mil. 9 E não tentemos Cristo, como alguns deles tentaram, e foram destruídos pelas serpentes. 10 E não murmureis, como alguns deles murmuraram, e foram mortos pelo destruidor. 11 Tudo isso lhes aconteceu como exemplo e foi escrito como advertência para nós, sobre quem o fim dos tempos já chegou. 12 Assim, aquele que pensa estar em pé, cuidado para que não caia. 13 Não veio sobre vós nenhuma tentação que não fosse humana. Mas Deus é fiel e não deixará que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação providenciará uma saída, para que a possais suportar.” – 1 Coríntios 10:1-13.
No texto, Paulo mostra como o povo judeu foi guiado e protegido por Deus. Depois de sair do Egito, a nuvem provida por Deus criava uma separação entre o acampamento dos israeltitas e os egípicios, no encalço do povo de Deus. (Êxodo 14:19, 20) Depois o Mar Vermelho foi o meio pelo qual Deus separou definitivamente seu povo dos egípcios, os quais foram engolidos pelo mar. (Êxodo 23:31) Estes eventos maravilhosos, bem como o ser batizado em Moisés, na núvem e no mar – crer naquele mediador que prefigurava Cristo – serviram de sinal para fazer parte daquele povo de Deus.
Mais à frente, a caminho da terra prometida, Deus lhes proveu miraculosamente o Maná, um alimento que exceto aos sábados caíam dos céus, o qual representava Cristo, o pão que desceu dos céu. (Êxodo 16:15; João 6:41, 50, 51) Bebiam da água provida por Deus, e numa ocasião saiu água da rocha, que representava Cristo, dando de beber do seu sangue por nós derramado na cruz para nos salvar. (Êxodo 17:6; Números 20:11; João 4:13-15) Eles nunca passaram sede. (Salmos 78:15l 16) Mas será que todos os israelitas corresponderam ao amor de Deus por eles?
A resposta é não! Deus não se agradou da maior parte deles. Veja como foram pecaminosos:
(1) Praticaram a cobiça, quando não satisfeitos com o Maná, lembrando-se das carnes, peixes e outros alimentos que comiam no Egito (Números 11:4-6).
(2) Depois praticaram idolatria, quando Arão permitiu que eles construíssem um bezerro de ouro, enquanto Moisés estava com Deus no Monte Sinai. – Êxodo 32:1-20.
(3) E além disso, comenteram imoralidade, quando liderados por Balaão, os israelitas adoraram Baal-Peor, participaram nos ritos de fertilidade dos cananeus e se entregaram às práticas sexuais. – Números 25:1-9; 31:16.
(4) Puseram Cristo [o Senhor] à prova, que já os acompanhava, por ser o mesmo Deus com o Pai e o Espírito Santo. Viviam reclamando contra Deus e Moisés. Deus enviou serpentes venenosas para mordê-los, e arrependidos receberam a saída divina, por graça: Olhar para uma serpente de bronze, que representava a Cristo morrendo por nós como salvação de nossos pecados e da morte. – Números 21:4-9.
(5) Eram excessivamente murmuradores contra Deus em especial. Isto era uma terrível maneira de negar o amor e a bondade de Deus, o que incitava a ira justa divina.
Por todos esses pecados, Deus castigou a muitos dos israelitas, que morreram no deserto antes de entrar na terra prometida. Por incrível que pareça, os mesmos pecados aquela igreja em Coríntio estava praticando, e os mesmos muitos cristãos estão cometendo hoje.
Por isso Paulo nos adverte – tanto aqueles coríntios como a nós – com provas históricas: O povo de Deus a caminho da terra prometida pecou vendo maravilhas e milagres assustadores, como nuvem que guiava e protegia, o mar que se abriu, o maná que caía do céu, a água que brotava do nada no deserto, e a serpente de bronze que os curava. Apesar de tudo isso, eles caíram. Esses exemplos, segundo Paulo, ocorreram para nós que vivemos sempre à espera da volta de Cristo. Isto mostra que a Palavra de Deus tem autoridade duradoura para os crentes.
Jamais devemos confiar em nós mesmos, mas apenas em Deus. Quem se acha forte na fé, e se estriba na própria compreensão, ou confia em seus títulos e diplomas religiosos, e na posição que adquiriu entre os membros da igreja, acautele-se para que não caia. Quando a pessoa confia em Deus, resistimos às tentações. Elas não nos vencem, pois nós somos mais fortes do que elas. Mas quando confiamos em nós mesmos, quaisquer tentações podem nos fazer cair na fé.
Assim, perguntemo-nos:
(1) Será que nossas atitudes demonstram que temos saudades das coisas do mundo, daquele Egito cheio de pecados?
(2) Será que cometemos idolatria por trocarmos Deus por um filme, uma novela, por passatempos, ou pelo dinheiro?
(3) Será que cometemos imoralidade sexual por trairmos nosso cônjuge, ou por assistirmos a filmes imorais na internet ou televisão?
(4) Será que reclamamos demais de nossos líderes e da Igreja que frequentamos, achando que onde estávamos antes era mais liberal, sem muito controle?
(5) Será que murmuramos contra Deus, achando que ele não nos está abençoando da forma correta?
Portanto, sejamos gratos de que Deus nos adverte por sua Palavra, com provas históricas, que podemos cair na fé, magoarmos a Deus, e colhermos as consequências de seus castigos e juízos. Mas quando confiamos no Deus verdadeiro, ele não permitirá que sejamos tentados além do que podemos suportar. Que alívio! – Pr. Fernando Galli.