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AULA 2 – QUEM É O ESPÍRITO SANTO DE DEUS? – PARTE 1

Introdução

Na aula de hoje iremos considerar a identidade do Espírito Santo. Provas maravilhosas de sua personalidade, e entendermos de maneira preliminar como é o agir do Espírito Deus em relação ao homem, provando seu carinho e preocupação com o povo de Deus.

I. Sua Identidade. Cremos que o Espírito Santo é um ser pessoal e divino. O Espírito Santo é a “terceira” Pessoa da Triunidade. Ele é coigual, coeterno e consubstancial ao Pai e ao Filho, pois é tão Deus quanto o Pai e o Filho.

Sobre esse dogma da fé, o Credo de Atanásio define:

“A fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem dividir a substância. Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade (…) E nesta Trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que, em tudo, conforme já ficou dito acima, deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade. Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade” (Credo de Atanásio, 3-6, 24-26).

II. Aspectos Pessoais do Espírito Santo como Provas da sua Personalidade (ou pessoalidade).

Cremos que o Espírito Santo seja um ser pessoal porque a Bíblia atribui a Ele aspectos pessoais como:

a. Intelecto – Ele conhece as coisas de Deus (1 Coríntios 2:10, 11) e Ele sonda os corações. – Romanos 8:27.

O Espírito Santo conhece as coisas de Deus na acepção de Ele ser o próprio Deus. Assim como o espírito do homem conhecer as coisas do homem indica que nosso espírito é um ser pessoal. Ele perscruta todas as coisas porque é Deus e nada escapa do seu conhecimento.

Ele conhece as profundezas de Deus. “Isto se refere aos caminhos incompreensíveis de Deus”. – Comentário Novo Testamento – Simon Kistemaker. 1 Coríntios, p. 129. São Paulo, Cultura Cristã, 2003.

Ele sonda os corações. Nenhuma emoção nossa, palavra não falada, está fora do conhecer deste Espírito. – Habacuque 4:13; Provérbios 15:3.

b. Emoções – Pode-se entristecê-lo. – Efésios 4:30; Isaías 63:10.

Se você quiser ter um relacionamento com o Espírito Santo de Deus, jamais pense que Ele é um ser impessoal. Pois os textos aqui apontam para o Espírito Santo de Deus ter sentimentos, como uma pessoa tem.

“Ele é uma pessoa viva e deve ser tratado como tal […] Ele responderá ao nosso tímido esforço por conhecê-lo e virá ao nosso encontro no meio do caminho”. – W. E. Tozer.  A Vida Cheia do Espírito, pp. 48, 49. São Paulo, Editora dos Clássicos, 2004.

E por ele ter sentimentos, podemos nos relacionar com Ele.

O Espírito Santo fica triste na acepção de discordar em seu Ser das ações dos homens. Não que Ele fique chorando.

c. Vontade própria – Ele distribui dons conforme lhe apraz. – 1 Coríntios 12:11.

O Espírito Santo distribui dons diferentes, conforme o contexto, para pessoas diferentes, indicando que Ele se relaciona com cada crente da forma como lhe apraz, “em uma base pessoal e individual” Esse “como lhe apraz” indica que “o Soberano Deus concede dons em harmonia com o seu propósito”. – Comentário Bíblico Beacon – Romanos – 2 Coríntios, p. 338. Volume 8. Rio de Janeiro, CPAD, 2006.

d. Pode-se duvidar dele. Quando Ele nos pede algo, não duvidamos dele. – Atos 10:19, 20.

O Espírito Santo se chama de “eu”. Ele é um ser pessoal que age em nosso viver. Eles nos dá diretrizes e devemos fazer conforme Ele nos manda. “Esse ser, obviamente, é inteligente, conhecendo as ações de indivíduos separados por grande distância, que também pode coordenar as ações humanas, a fim de que a vontade de Deus se realize entre os homens.” – R. N. Champlin. O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo, p. 217. Volume III. São Paulo, Editora Candeia, 1998.

e. Pode-se mentir a Ele. Não se mente para uma força. –  Atos 5:3, 4.

Ananias e Safira (seres pessoais), cheios da ação de Satanás (ser pessoal) mentiram para os Apóstolos e a Igreja ali (seres pessoais), e Pedro disse que, na verdade, eles mentiram para Deus (Ser pessoal) e para o Espírito Santo (Ser Pessoal).

Mentir para o Espírito Santo foi uma atuação demoníaca, um pecado contra o Espírito Santo. Foi um ato egoísta deles contra o Deus que odeia atos egoístas.

f. Pode ser resistido. Ou seja, pessoas podem negar fazer a vontade dEle. – Atos 7:51.

Estêvão aqui chama os que resistem ao Espírito Santo de homens “teimosos” e “incircuncisos”. “Teimoso” no grego (Σκληροτράχηλοι) é uma metáfora com base no fato de touros não deixarem por teimosia, por dura cervis, que seus pescoços recebam aquelas cangas (ou jugo) para puxarem uma carroça. Ou seja, é lutar contra a vontade do seu dono. Assim também muitos se negam a fazer o que o Espírito Santo ensina nas Escrituras, de tomar sobre eles o jugo de Cristo e aprender dele. – Mateus 11:28-30.

Resistir ao Espírito de Deus também significa ser “incircunciso no coração”. No grego é ἀπερίτμητοι. A ideia de uma pessoa ser circuncisa no coração significa que, como numa circuncisão, ela retira o mau e deixa o que é bom. Assim, quando resistimos ao Espírito Santo, estamos sendo incircuncisos no coração, isto é, deixando de tirar o que é mau em nós – nossa centralidade e desejos do coração – e não deixando o que é bom, isto é, Deus e a sua vontade.

g. Pode ser reverenciado. Ou seja, estar na presença de Deus. –  Salmos 51:11.

O salmista diz “não me expulses da tua presença, nem retires de mim teu Santo Espírito”. No AT, o Espírito de Deus vinha e capacitava o homem no serviço a Deus. Tirar o Espírito de Deus da pessoa significava rejeição, que é deixar de estar na presença de Deus. O termo presença de Deus” indica intimidade com Ele. Assim, não ter o Espírito Santo indica que não se tem intimidade com Deus, de filho para Pai.

h. Pode-se blasfemar contra Ele. Ou seja, pode-se proferir uma palavra maldita contra Ele. – Mateus 12:31.

A blasfêmia contra o Espírito Santo é característica comum de todos os que não serão salvos. Mas por que a blasfêmia contra o Filho tem perdão, mas contra o Espírito Santo não tem? Por se tratar de um tipo específico de pecado, conforme o contexto. Os fariseus estavam atribuindo a Satanás as obras realizadas pelo Espírito Santo de Deus, por meio de Cristo. Segundo os fariseus, Jesus expulsava demônios por meio de Belzebu. Veja esta explicação:

“Ora, como já foi indicado, ser perdoado implica que o pecador se arrependa verdadeiramente. Entre os fariseus aqui descritos tal genuína tristeza pelo pecado está totalmente ausente. Substituíram o arrependimento pelo endurecimento; a confissão, pela conspiração. E assim, por meio de sua pessoal e criminosa insensibilidade, completamente inescusável, eles estão condenando a si próprios. Seu pecado é imperdoável porque são indispostos a trilhar a vereda que conduz ao perdão. Para um ladrão, um adúltero e um homicida há esperança. A mensagem do evangelho pode levá-lo a clamar: “O Deus, sê propício a mim, pecador.” Mas quando uma pessoa se torna empedernida, de tal maneira que se predispõe a não mais prestar atenção aos impulsos do Espírito, nem sequer ouve mais sua voz que pleiteia e exorta, ela se põe na vereda que conduz à perdição. Ela pecou o pecado “para morte” (1 Jo 5.16; ver também Hb 6.4-8).” – William Hendriksen. Comentário do Novo Testamento – Mateus II, pp. 37, 38. São Paulo, Cultura Cristã, 2001.

Portanto, se você tem receio de já ter pecado contra o Espírito Santo de Deus, fique tranquilo, pois você não pecou. Quem comete esse pecado jamais se arrepende, jamais tem receio de ter cometido tal pecado.

continua a parte 2 na próxima aula…