PERGUNTA – Como o Espírito Santo dá testemunho de que somos Filhos de Deus? – Romanos 8:16, 17.
RESPOSTA CRISTÃ – Desde a conversão a Cristo o crente, regenerado pelo Espírito Santo, torna-se filho espiritual de Deus. (João 1:12; 3:3; Gálatas 3:26) Paulo, em sua carta aos Romanos, escreve que o Espírito de Deus dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. (Romanos 8:16, 17) Para explicar isso melhor, sugiro esta reflexão.
Muitos ficam felizes ao encontrar pais que jamais viram. Da mesma forma, sentimos a alegria de, pela fé em Cristo Jesus, conhecermos o Deus verdadeiro.
Depois do encontro com os pais, os filhos passam a desenvolver um relacionamento de amor e amizade com eles. Da mesma forma, como filhos de Deus, sentimos do seu amor e da sua amizade e passamos a desenvolver nosso relacionamento pessoal com Deus.
Conforme os filhos vão conhecendo os pais, estes os ensinam muitas lições de vida e lhes contam muitas histórias para que se inteirem dos fatos jamais sabidos. E também os filhos passam a conhecer cada vez mais do caráter de seus pais. Da mesma forma, conforme vamos nos relacionando com Deus, aprendemos muitas histórias e lições em sua Palavra, a Bíblia, e então descobrimos o maravilhoso e perfeito caráter de Deus – seu amor, sua santidade, sua sabedoria, seu poder, sua justiça.
Filhos que conhecem seus pais fazem questão de conhecer toda a família, e de se reunir com ela. Da mesma forma, como filhos amados de Deus, passamos a viver como Família Cristã, como Igreja e Corpo de Cristo (1 Coríntios 12:27), para praticar os mandamentos recíprocos de nos amar e nos encorajar uns aos outros, e tanto mais quanto o fim se aproxima. – Hebreus 10:24, 25.
Às vezes, torna-se necessário que os pais disciplinem seus filhos que acabaram de encontrar, mostrando a eles como poderão ser mais felizes fazendo parte de sua nova família. Da mesma forma, Deus nos mostra seu amor por disciplinar seus filhos em Jesus Cristo, e faremos muito bem em acatar a disciplina, pois ela, segundo a Bíblia, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza, mas depois, porém, produz fruto pacífico nos que por ela têm sido exercitados. – Hebreus 12:11.
Pais e filhos recém aproximados, e que se amam, passam a se comunicar sempre. Da mesma forma, desde que nos tornamos filhos espirituais de Deus, fazemos questão de nos comunicar com Ele através da oração – um sinal de que somos íntimos e dependentes de Deus. E que maravilhoso se orarmos sem cessar. – 1 Tessalonicenses 5:17.
A alegria é tamanha com o privilégio de conhecer seus pais que a partir desse momento os filhos farão questão de contar ao máximo número possível de pessoas: Achei meus pais! Da mesma forma, a partir do momento que alguém encontra a Deus pela fé em Jesus Cristo, ele faz questão de anunciar a todos: Achei meu Pai Celestial, através de Jesus Cristo. Ele imediatamente passa a levar Jesus Cristo aos povos através do discipulado (a Grande Comissão dada por Jesus) e do evangelismo. – Mateus 28:19, 20.
Os filhos que encontram seus pais recebem presentes deles, e se tornam herdeiros também. Da mesma forma, os filhos de Deus recebem dEle a dádiva da vida eterna, e conforme Paulo diz em Romanos 8:17a, se somos filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo. Isto significa que durante toda a vida eterna, para sempre, desfrutaremos de infindáveis maravilhas, mas também, que desde já, podemos degustar das bênçãos futuras.
Assim como aqueles que procuram unir filhos aos pais sofrem para reunir informações através de pesquisa exaustiva sobre os paradeiros de ambas as partes, tendo até que fazer viagens longas para confirmar tudo o que foi levantado, da mesma forma Jesus sofreu para nos unir a Deus. Sim, ele é o nosso único mediador entre Deus e os homens. (1 Timóteo 2:5) Jesus Cristo morreu por nós, e enquanto somos fiéis a ele sofremos com ele porque ele sofreu em nosso lugar. E quando ele voltar para julgar os vivos e os mortos, todos os salvos, em todas as eras da Santa Igreja de Cristo, seremos glorificados assim como Jesus, pois Paulo diz: herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se é certo que sofremos com ele, para que também com ele sejamos glorificados. – Romanos 8:17b.
Portanto*, sejamos gratos por sermos filhos de Deus, pela fé em Cristo Jesus. O Espírito Santo de Deus nos faz sentir filhos, porque Ele nos conduz a Deus através de Jesus, faz-nos sentir a alegria de sermos amados por Deus, coloca diante de nós as promessas de vida eterna e nos faz ter certeza de nossa salvação (pois nada pode nos separar do amor de Deus) (Romanos 8:38, 39), move-nos a frequentar os cultos e reuniões cristãs e nos beneficiarmos do fraternidade cristã, continua nos convencendo dos pecados e nos levando a toda a verdade através da Palavra de Deus (João 16:13, 14), mesmo que tenhamos que às vezes ser repreendidos, dá-nos força, coragem, alegria e gratidão para discipular e evangelizar (Romanos 1:16; 1 Coríntios 9:16), e nos lembra e nos ajuda a orarmos a Deus sempre. Realmente, é impossível ser cristão sem sentirmos o Espírito Santo de Deus testemunhar a nós que somos filhos de Deus. – Romanos 8:26.
Veja, a seguir, como o contexto de Romanos 8:16, 17 explica o que acontece com o crente quando o Espírito Santo nos faz filhos de Deus, e nos sentir assim:
Que possamos viver íntimos, então, deste maravilhoso Espírito de Deus. – Pr. Fernando Galli.
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PERGUNTA – O dom de falar em línguas estranhas ainda existe?
RESPOSTA CRISTÃ – A resposta a esta pergunta é muito delicada. Irmãos zelosos de linha mais histórica acreditam que não, pois segundo eles esse dom e outros cessaram com a morte do último apóstolo, João. Segundo eles, 1 Coríntios 13:8-10 afirma a cessação desse dom quando o que é completo viesse, ou seja, a revelação total das Escrituras Sagradas. Alegam ainda que apenas sob a imposição de mãos dos apóstolos esses dons eram distribuídos. (Atos 8:18) Como não há apóstolos vivos hoje, então esse dom cessou. Outros irmãos também de linha tradicional argumentam que como dom o falar em línguas estranhas já cessou, mas Deus poderia em manifestações isoladas da Soberania de Deus conceder, não como dom, a oportunidade em casos especiais de um irmão falar em línguas, para fins específicos. Outros de linha também histórica irão concordar com este último ponto de vista, mas não aceitarão que sejam línguas angelicais, mas precisam ser necessariamente línguas já faladas ou faladas aqui na terra. Em contrapartida, os irmãos de linhas pentecostal e neopentecostal afirmam que os dons de maravilhas são para os nossos dias, pois a Bíblia relata o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (Atos 2) como sendo promessa dada não apenas àquela geração, mas aos filhos dela e para os que estão longe, bem como a quantos o Senhor quiser chamar. (Atos 2:39) E outros, ainda pentecostais e neopentecostais irmão ensinar a não cessação deste dom, mas desde que sejam línguas faladas aqui na terra.
Um desses pontos acima, eu defendo. Se Deus move, pelo seu Espírito, alguém a falar em línguas, este deverá estar caminhando na fé de forma exemplar. Não admito que, por exemplo, um adúltero se aproxime de mim falando em línguas. Simplesmente, não acredito que seja de Deus tal falar em línguas. Aquele que acredita nesse dom maravilhoso deveria se preocupar mais ainda com a santidade, pois sendo este dom do Espírito Santo, significa que Ele espera de nós santidade. E antes que me interpelem com a frase “mas Deus usa quem ele quer; ele usou até uma mula para falar com Balaão”, eu afirmo com toda a certeza: “A mula não estava em adultério”. Afinal, se o Espírito de Deus é santo, e nós temos que ser santos em todo nosso procedimento assim como Deus é santo (1 Pedro 1:15, 16), espera-se no mínimo dos falantes em línguas estranhas uma vida santa diante de Deus.
Quanto a se existe ou não, defendo que Deus pode sim, por ser Todo-Poderoso, mover pessoas a falar em línguas faladas aqui na terra. É a minha visão. Não tente argumentar que no céu se fala em língua de anjos, então, quem fala em línguas de anjos não pode estar falando em línguas humanas. Isto seria um erro absurdo! Visto que os dons são para variedades de línguas também (1 Coríntios 12:10), só me faltava Deus ter confundido a língua dos anjos no céu! Como isso nunca ocorreu e, quero crer, lá só haja uma língua, quando Paulo menciona “ainda que eu falasse na língua […] dos anjos” (1 Coríntios 13:1), ele está querendo dizer, conforme o contexto: “Ainda que pudesse acontecer o impossível comigo – falar a língua dos anjos, conhecesse todos os mistérios, tivesse todo o conhecimento, tivesse fé para mover montanhas, se eu tivesse não tivesse amor, de nada valeria.” – 1 Coríntios 13:1, 2.
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PERGUNTA – O Espírito Santo de Deus é uma pessoa ou o poder de Deus em ação?
RESPOSTA – O Espírito Santo é um ser pessoal, o qual manifesta o poder de Deus na criação (Gênesis 1:2; Salmos 104:30) e aos crentes. Por isso a Bíblia usa a expressão “poder do Espírito Santo”. (Romanos 15:13, 19) Da mesma forma como Jesus é o poder de Deus (1 Coríntios 1:24) e é um ser pessoal que manifestou o poder de Deus, assim também ocorre com o Espírito Santo. Por isso Jesus prometeu: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. (Atos 1:8) Sendo assim, receber o poder do Espírito é ficar cheio de Espírito Santo. (Atos 2:4) Ademais, quando Jesus prometeu enviar o Espírito Santo, afirmou que Este falaria não de sua própria iniciativa, mas do que tivesse ouvido. (João 16:13, 14) Somente um ser pessoal pode falar do que ouve. Na Trindade, de fato, é o Pai quem diz ao Espírito Santo o que será revelado e ensinado ao homem.
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PERGUNTA – Como o Espírito Santo pode ser uma pessoa se a palavra grega para “espírito” (pneuma) é do gênero neutro, o mesmo ocorrendo em Atos 2:33, onde o espírito santo é chamado no grego de “isso”, no gênero neutro?
RESPOSTA CRISTÃ – Gêneros masculino, feminino e neutro não provam nada quanto à pessoalidade ou não de um substantivo, nem quanto ao sexo de um ser pessoal. Por exemplo, em Mateus 2:9 diz-se que a “estrela parou sobre o lugar onde estava o menino” Jesus. A palavra grega para “menino” é “paidíon”, e é do gênero neutro. Concluiria você que Jesus não era uma pessoa? Em João 4:24, lemos que Deus é espírito (gênero neutro). Então, Deus seria impessoal? Uma coisa? Óbvio que não! Em 1 João 4:8, lemos que “Deus é amor”. Amor em grego (ágape) é do gênero feminino. Então Deus é uma mulher? Também não! No caso de Atos 2:33, “isso” se refere ao Espírito Santo por uma mera questão gramatical, pois deve concordar em gênero com o substantivo neutro “Espírito”. Mas como vimos, usar gênero neutro não prova nada. A razão por crermos no Espírito Santo como ser pessoal é muito mais teológica do que gramatical.