I. A ETERNIDADE EM DEUS E NAS CRIATURAS INTELIGENTES

A Bíblia ensina claramente que Deus é eterno e que nós seremos eternos. Mas há uma diferença entre a eternidade de Deus e a nossa eternidade. Qual é, então, essa diferença?

1. A Eternidade de Deus.

Isso significa que Ele não teve começo, não tem fim, e está fora do tempo. Alguns textos fundamentais:

  • Salmo 90:2 — “Antes que os montes nascessem ou que tu formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.”[1]

Aqui vemos que Deus existe antes da criação do tempo e do espaço. O hebraico usa a expressão “me-olam ve-ad olam”, que literalmente significa “de eternidade até eternidade”.

  • Isaías 57:15 — “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, e cujo nome é Santo…”

Deus habita a eternidade, ou seja, não apenas vive eternamente, mas sua morada está fora dos limites temporais.[2]

  • Apocalipse 1:8 — “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.”

Deus é simultaneamente o passado, presente e futuro. É a auto existência e imutabilidade total.

Conclusão – A eternidade de Deus é atemporal e autoexistente. Ele não foi criado, não se desenvolve e não depende de nada fora d’Ele para existir. Ele sempre foi o que é.

2. A Eternidade em Relação aos Seres Criados

A Bíblia também usa o termo “eterno” para seres criados, mas em um sentido derivado, dependente e linear no tempo. Isso se aplica, por exemplo, aos anjos e aos seres humanos salvos.[3]

a) Anjos e Seres Espirituais

  • Os anjos são descritos como “espíritos ministradores” (Hebreus 1:14), mas não são eternos como Deus.
  • Eles foram criados: “Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e sobre a terra, […] sejam tronos, soberanias, principados ou potestades…” (Colossenses 1:16)

Ou seja, os anjos têm início, mas não têm fim, a menos que Deus o determine. Não são atemporais, nem autoexistentes. Mas foram criados na corrente do tempo.

b) Seres humanos salvos (vida eterna)

  • Jesus promete vida eterna aos que creem n’Ele (João 3:16), mas essa “eternidade” é dada por Deus, e não é inerente ao homem.
  • Em Mateus 25:46, Ele fala de “castigo eterno” e “vida eterna”. Ambos indicam continuidade sem fim, mas não eternidade absoluta, como a de Deus.

Conclusão – A eternidade dos seres criados é derivada, concedida, tem começo e depende da vontade e sustentação de Deus.

3. Diferença entre o Deus Eterno e a Criatura com Vida Eterna

A seguir, mostraremos a diferença entre Deus e as criaturas, no que se refere à eternidade. Vejamos:

  • Enquanto Deus é eterno por não ter um princípio e um fim (Salmo 90:2), a criatura com vida eterna teve princípio (Gênesis 2:7; Salmo 139:14) mas jamais terá fim. – João 3:16.
  • Enquanto Deus possui vida autoexistente, essencial e absoluta, todos os salvos receberão dEle a vida eterna, ou seja, essa eternidade é derivada e concedida. (João 6:51-54)
  • Enquanto Deus precede ao tempo, pois é o criador de todas as coisas (João 1:3; Colossenses 1:15-17), as criaturas inteligentes de Deus, tanto as que serão salvas como as condenadas, tanto as do mundo físico quanto espiritual foram criadas na corrente do tempo.

Conclusão – Assim, Deus é eterno em sua natureza, a fonte da eternidade, as criaturas recebem eternidade de Deus.

II. A ETERNIDADE DE CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO

A eternidade de Jesus no Antigo Testamento é revelada de maneira poderosa, embora ainda não plenamente desenvolvida como no Novo Testamento. A revelação progressiva já antecipa que o Messias seria eterno, divino e pré-existente, jamais um ser criado.

Vamos organizar por evidências principais:

  • Miquéias 5:2 — O Messias com “origens desde os dias da eternidade” – “E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar entre os clãs de Judá, de ti me sairá aquele que há de reinar em Israel, cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Miquéias 5:2)[4]

Análise:

  • A profecia fala do Messias que nasceria em Belém — uma referência clara a Jesus, confirmada em Mateus 2:5-6.
  • A palavra hebraica para “origens” é מוֹצָאָיו (motsa’av), que indica procedência, atividade existente antes da encarnação.
  • A expressão “desde os dias da eternidade” (קֶדֶם עוֹלָם “miqedem mimey ‘olam”) mostra que ele já existia antes do tempo.

Conclusão: O Messias que nasceria não estaria tendo início em Belém — ele já existia desde a eternidade. Isso é totalmente incompatível com a ideia de que ele foi criado.

  • Isaías 9:6 — “Pai da Eternidade” – “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6)

Análise:

  • O texto fala do nascimento do Messias, mas descreve nomes e títulos divinos e eternos.
  • A expressão “Pai da Eternidade” (אֲבִי־עַד, ’Avi-‘ad) não significa que o Filho é o Pai, mas sim que Ele é a fonte da eternidade, governante eterno, aquele que não tem começo e concede a eternidade aos seus filhos. Por isso o Filho podia dizer quando veio à Terra: “Eu sou a vida”. – João 14:6.
  • O mesmo é chamado de Deus Forte (El Gibbor), título atribuído ao próprio YHWH em Isaías 10:21.

Conclusão: O Messias prometido é eterno em natureza, e não um ser criado. Ele é o doador da eternidade, não alguém que a recebeu.

  • Salmo 90:2 aplicado a Jesus – “Antes que os montes nascessem… de eternidade a eternidade, tu és Deus.”

Embora o Salmo 90:2 se refira originalmente a Deus Pai: No Novo Testamento, os atributos exclusivos de Deus são atribuídos a Cristo. Se Jesus não fosse eterno como o Pai, os apóstolos jamais o teriam identificado como tal.

Teofanias (Aparições de Cristo no Antigo Testamento)

Jesus aparece em várias ocasiões antes da encarnação, o que demonstra sua pré-existência consciente e ativa, algo impossível para um ser criado.

a) O Anjo do Senhor

  • Em Gênesis 16:7-13, 22:11-18, Êxodo 3:2-6 e Juízes 6:11-24, o Anjo do Senhor fala como Deus, aceita adoração e é identificado como o próprio YHWH.
  • Em Êxodo 3:14, Deus diz a Moisés: “Eu Sou o que Sou” — e Jesus aplica essa mesma expressão a Si mesmo em João 8:58: “Antes que Abraão existisse, EU SOU.”[5]

b) Melquisedeque (Gênesis 14; Hebreus 7)

  • Melquisedeque é descrito como “sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de existência” (Hebreus 7:3).
  • Isso é uma figura ou teofania de Cristo, conforme muitos estudiosos. Mesmo se não for o próprio Cristo, o tipo representa alguém eterno.

c) Daniel 7:13, 14 — O Filho do Homem eterno e digno de adoração

“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem […] e foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos […] o servissem […] o seu domínio é eterno, que não passará…”

Análise:

  • Este “Filho do Homem” recebe adoração universal, algo que só Deus pode receber (cf. Isaías 42:8).
  • O seu domínio é eterno, e ele vem nas nuvens, imagem usada em Apocalipse 1:7, 14:14, e Mateus 24:30, todas ligadas a Jesus.

Conclusão: O Antigo Testamento apresenta o Messias como alguém:

  • Que vem da eternidade (Miqueias 5:2);
  • Que é Pai da eternidade e Deus Forte (Isaías 9:6)
  • Que age antes da encarnação (teofanias)
  • Que recebe adoração e possui domínio eterno (Daniel 7)

Conclusão – Portanto, qualquer doutrina que diga que Jesus foi “criado na eternidade” é uma contradição direta à revelação do Antigo Testamento. Jesus não foi criado, Ele sempre existiu, é eterno como o Pai.

III. A ETERNIDADE DE JESUS NO NOVO TESTAMENTO

A eternidade de Jesus no Novo Testamento é um dos pilares da fé cristã histórica. Os apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, não apenas confessaram a divindade de Cristo, mas deixaram claro que Ele é eterno, incriado e coeterno com o Pai. Vamos ver os principais textos:

  • João 1:1-3 — Jesus é o Logos eterno: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus[6]. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”

Análise:

  • “No princípio era o Verbo” — Antes mesmo da criação (Gênesis 1:1), o Verbo já existia.
  • O verbo “era” (ἦν) no grego está no imperfeito, indicando ação contínua no passado, e não início. Jesus já existia antes do tempo começar.
  • Ele estava com Deus e era Deus — aqui temos tanto distinção quanto unidade.
  • Criador de tudo — tudo o que foi feito foi feito por Ele. Portanto, Ele não foi feito.

Conclusão: João deixa claro que o Verbo (Jesus) é eterno, divino, incriado e criador.

  • João 8:58 — Jesus se identifica como “EU SOU” – “Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU.” (João 8:58)

Análise:

  • Jesus não disse: “eu era”, mas “eu sou” — Ele se declara eternamente existente, com o mesmo nome usado por Deus em Êxodo 3:14.
  • A reação dos judeus foi apedrejá-lo — porque entenderam que Ele estava se declarando Deus eterno.

Conclusão: Jesus se identifica com o Deus que sempre existiu — não pode ter sido criado.

  • Colossenses 1:16, 17 — Jesus existe antes de tudo – “Pois nele foram criadas todas as coisas […] tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.” (Colossenses 1:16,17)

Análise:

  • Tudo foi criado por meio dEle — então Ele não é parte da criação.
  • Ele é antes de todas as coisas — isto é pré-existência absoluta.
  • Tudo subsiste nele — Ele sustenta todas as coisas em todo momento, o que só um ser eterno pode fazer.

Portanto, se tudo é criado por meio de Jesus, e isso inclui o tempo e o espaço em qualquer mundo possível, tanto físico quanto espiritual, Jesus precede ao tempo e ao espaço, o que só pode ser possível se Jesus for o Deus verdadeiro, atemporal e a-espacial.

  • Hebreus 1:3 – Jesus é a representação exata do Ser de Deus – “Ele é a representação exata do ser de Deus.”

Análise:

  • Se o Filho, Jesus, é a representação exata do ser de Deus, então ele, por assim dizer, uma cópia dos atributos de Deus, o Pai.
  • Se Jesus é a representação exata do ser de Deus, assim como Deus, o Pai, não tem princípio, pois é eterno, assim também o Filho não pode ter princípio.

Conclusão: Por Jesus, o Filho, ser a representação exata do ser de Deus, o Pai, tanto ele como seu Pai são o mesmo Deus desde toda a eternidade de Deus (ou estado atemporal de Deus). [7]

  • Hebreus 1:3Jesus é o resplendor da glória de Deus – “O Filho, que é o resplendor da glória de Deus”.

Análise

  • Entre o Sol e seu resplendor, não há diferença de tempo. No mesmo instante que o Sol passa a existir, já passa a existir seu resplendor, Isto porque o resplendor faz parte do sol. Deus não começa a existir, então seu resplendor, o Filho, também não começa a existir, porque faz parte de Deus.[8]

Conclusão – Jesus é tão eterno quanto Deus. É o que Orígenes ((c. 185–254 d.C.) – Primeiro a usar a expressão “gerado eternamente”. “O Filho é a eterna irradiação da glória do Pai… Ele é gerado eternamente, como a luz vem do sol.” (Comentário sobre João, II.10) Orígenes foi o primeiro a usar a ideia de geração eterna explicitamente. Ele comparava o Filho à luz que emana continuamente do sol — sem começo, sem separação.

  • Hebreus 1:10-12 — Jesus é o Criador eterno – “Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos […] Eles perecerão, mas tu permaneces […] tu és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.” (Hebreus 1:10-12, citando Salmo 102:25)

Análise:

  • O autor de Hebreus aplica ao Filho um Salmo que fala do eterno Criador.
  • Ele é imutável e eterno — enquanto a criação passa, Ele permanece o mesmo para sempre.

Conclusão – A Bíblia diz que Deus criou tudo sozinho. (Isaías 44:24) Se ela também diz que Deus, o Pai, usou o Filho para criar todas as coisas, então isso significa que o Filho tem que ser o mesmo Deus que o Pai, para que este único Deus crie tudo sozinho. Se acreditarmos que Deus usou uma criatura para criar tudo, então Deus não fez tudo sozinho.

  • Judas 1:25 – Jesus existe antes de todas as eras. – “A este, que é o nosso único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam a glória, a majestade, o poder, e a autoridade, antes de todas as eras, agora e por toda a eternidade. Amém!”

Análise:

  • Essa frase é absolutamente crucial. Literalmente significa: “antes de todo século” ou “antes de todas as eras”.
  • Isso se refere a um tempo anterior ao tempo, ou seja, eternidade passada.
  • Judas está dizendo que a glória de Deus (por meio de Jesus Cristo) já existia antes do tempo começar.

Conclusão – Isso só é possível se Jesus existia antes de todo tempo — ou seja, Ele é eterno.

  • Apocalipse 22:13 — Jesus é o Alfa e o Ômega – “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último (Apocalipse 1:17, 18)[9], o Princípio e o Fim.” (Apocalipse 22:13)

Análise:

  • Jesus aplica a si mesmo o mesmo título que Deus usa em Apocalipse 1:8.
  • Alfa e Ômega são a primeira e a última letra do alfabeto grego — ou seja, Ele é anterior a tudo e posterior a tudo.
  • “Princípio e fim” no sentido de abranger tudo, estar presente em todo tempo e não ter começo de existência.

Conclusão – Por mais que os não-cristãos tentem vilipendiar a interpretação correta desse texto, dizendo que é Jeová quem está dizendo essas palavras, o texto mostra claramente que se trata de uma continuação das palavras de Jesus. Ele é o princípio (a causa primária) e o fim, o Alfa (a causa primária) e o Ômega.

  • João 17:5 — Glória com o Pai antes da criação. “E agora, Pai, glorifica-me contigo com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.” (João 17:5)

Análise:

  • Jesus já possuía glória com o Pai antes da criação do mundo.
  • Isso implica em auto existência consciente, ativa e gloriosa antes do tempo, em qualquer mundo possível, físico ou espiritual.

Conclusão – Só Deus pode ser o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, então, Jesus por receber esses títulos é tão eterno quanto Deus Pai.

  • Hebreus 13:8 — Jesus é o mesmo eternamente – “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre.”[10]

Análise:

  • Essa imutabilidade é um atributo exclusivo de Deus (cf. Malaquias 3:6).
  • Um ser criado não é imutável, mas se desenvolve. Jesus sempre foi o que é.
  • Acreditar num Jesus que é o mesmo ontem, hoje e eternamente nada tem a ver com um “jesus” criatura, que passou a existir, e que quando morreu, deixou de existir por três dias.

João 5:26Jesus e sua vida em si mesmo. “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.” (João 5:26 – ARA)

Análise do texto:

  • “O Pai tem vida em si mesmo”
  • Isso significa que Deus é autoexistente — Ele não depende de nada nem de ninguém para viver. Ele é a fonte da vida.
  • “Concedeu ao Filho ter vida em si mesmo”
  • Aqui está a parte que levanta dúvidas entre os leitores: como o Pai concede algo ao Filho eterno?
  • Importante: essa “concessão” não indica criação, nem que Jesus passou a existir. A melhor forma de entender isso é: Trata-se de uma comunicação eterna de atributos do Pai para o Filho. A expressão “concedeu” (em grego: ἔδωκεν, édōken) pode se referir a uma relação eterna e contínua entre Pai e Filho, e não a um evento no tempo.
  • Assim, Deus Pai concede desde sempre a vida em si ao Filho. Aqui está uma prova da geração eterna do Filho.

(c) Como os teólogos cristãos interpretam isso?

  • Desde os Pais da Igreja, entende-se que o Filho é eternamente gerado do Pai — o que se chama de geração eterna, e não criação.
  • O Pai é a fonte da Trindade, e o Filho possui vida em si mesmo eternamente, como resultado dessa relação eterna, não por ter sido criado.

Ou seja, o Filho tem a mesma vida divina que o Pai — não recebida num ato temporal, mas compartilhada eterna-mente.[11]

Conclusão: O Novo Testamento confirma a eternidade de Jesus. Vimos que:

  • Em João 1:1-3, Jesus existia antes da criação, então Ele só pode ser o Deus verdadeiro e o Criador de todas as coisas;
  • Em João 5:26, o Filho recebe do Pai, na eternidade, a vida em si.
  • Em João 8:58, Jesus se declaro o EU SOU de Êxodo 3:14, e os judeus ali presentes, entendendo o que Jesus claramente estava afirmando, tentam apedrejá-lo, por blasfêmia.
  • Em João 17:5, Jesus tem a glória com o Pai antes de haver mundo.
  • Em Colossenses 1:15-17, Jesus é o primogênito de toda a criação, não porque foi criado, mas porque foi usado por Deus Pai para criar todas as coisas, portanto, Ele é o Deus criador. Ele também é antes de todas as coisas, atributo exclusivamente de Deus.
  • Em Hebreus 1:2, 3, 8, 10-12, Jesus é o criador do universo, portanto existe antes dele; é o Deus sentado no trono, é o resplendor da glória de Deus, portanto tão eterno quanto a fonte de sua glória, a representação exata do ser de Deus, assim, tão eterno (sem princípio e sem fim) quanto Deus Pai, o Deus que está no trono como tal, o Criador dos céus e da terra, imutável.
  • Em Judas 1:25, se diz que a glória de Deus e seus atributos já existiam antes do tempo começar, assim o nome de Jesus (a pessoa) dEle teria que existir desde sempre.
  • Em Apocalipse 1:17, 18 e 22:13 Jesus é o primeiro e o último, o Alfa e o ômega.

Conclusão – Portanto, vimos nesses textos verdades que não deixam espaço para dúvidas: Jesus não foi criado, nem mesmo “na eternidade”. Ele é o próprio Deus eterno, coeterno com o Pai e o Espírito Santo. – Pr. Fernando Galli.

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[1] O tempo e o espaço são criações de Deus. A eternidade de Deus não é um tempo só para Ele, com passado, presente e futuro, que sempre existiu. O tempo é um ente à parte de Deus, por isso precisa ter um princípio. O mesmo dizemos do espaço, mesmo na esfera espiritual. Não faz parte de Deus. Se tempo e espaço fizessem parte de Deus, seriam Deus. Se não fazem, são criações. Se Deus precede ao tempo e ao espaço em qualquer mundo possível, físico ou espiritual, então Ele é Deus incriável.

[2] Deus está fora dos limites temporais porque é o Criador do tempo. O fato de Ele se manifestar no tempo não significa que Ele esteja circunscrito ou dependente ao tempo. Ele o faz apenas para se relacionar com suas criações inteligentes.

[3] Os anjos e os salvos que viverão por toda a eternidade não são eternos quanto às origens, pois passaram a existir, por ato criativo de Deus, por meio de Jesus Cristo.

[4] Alguns que questionam a eternidade inerente de Jesus mencionam a palavra “origens”, alegando que Deus não tem origem, mas as criaturas têm. Todavia, as “origens” aqui são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade, ou seja, uma forma de dar as credenciais do Salvador. Ele vem da eternidade.

[5] Alguns que negam a divindade de Jesus irão dizer: “O EU SOU de João 8:58 nada tem a ver o EU SEREI O QUE SEREI (Hebraico), traduzido na Septuaginta por “EU SOU O SER”. São termos diferentes. Mas na verdade, eles são sinônimos. Sabemos disso pela reação dos opositores de Jesus, que ao ouvirem dEle EU SOU, quiseram apedrejá-lo por blasfêmia. (João 8:59) Se Jesus apenas quisesse ter dito que era mais velho que Abraão, os judeus ali não iriam apedrejá-lo por blasfêmia, mas apenas iriam chamá-lo de louco.

[6] Os que negam a divindade de Jesus, e sua eternidade, irão dizer: “Se Jesus está no princípio com o Pai, é porque Ele tem princípio.” Se assim fosse, todavia, o Pai também teria princípio. Outros irão dizer que Jesus é um deus menor, e a ausência do artigo definido “o” para “Deus” se referindo a Jesus significa que Ele apenas era um ser divino por natureza. Mas se Ele é um ser divino por natureza, Ele é o Deus verdadeiro, pois apenas Deus pode ter natureza divina, o que implica em sua eternidade atemporal, ou seja, em seu estado eterno. O mesmo se aplica a Jesus.

[7] Os que negam a eternidade e divindade de Jesus irão fazer comparações esdrúxulas baseadas em Hebreus 1:3. Alguns deles pegam sua carteira de identidade e raciocinam: “Se eu fizer a cópia dessa carteira, a cópia terá menos tempo de vida do que a original”. Mas isso só é possível porque a original tem um princípio. Se ela não tivesse princípio, mas fosse eterna por natureza, sua cópia teria que ser tão eterna quanto ela, para ser uma representação exata dela. É exatamente este o caso de Jesus Cristo.

[8] Os que negam a divindade de Jesus e sua eternidade usarão em suas traduções, em vez de “resplendor”, a palavra “reflexo”.  Tentarão de todas as formas usar dicionários bíblicos em grego para apoiar sua tradução como também possível. Todavia, Hebreus 1:3 diz que Jesus é a representação exata do ser de Deus, e um reflexo NUNCA É A REPRESENTAÇÃO EXATA DO SER DAQUILO QUE ELE REFLETE. Por isso, “resplendor” é perfeito. Assim, não há como admitir que entre, por exemplo, o Sol e seu resplendor haja um tempo que não houvesse resplendor, já que este existe desde que o sol existe. Se este sol fosse eterno, sem princípio, seu resplendor teria que ser também. É neste sentido que Jesus é gerado do Pai desde a eternidade.

[9] Os que negam a divindade de Jesus e sua eternidade irão dizer que Jesus é o primeiro e o último que morreu e foi ressuscitado diretamente por Jeová, já que as outras ressurreições de Jeová ele usou Jesus ou pessoas para fazer este milagre. Mas o texto de Apocalipse 1:17, 18 não diz que Jesus é o primeiro e o último PORQUE FOI RESSUSCITADO, ou porque esteve morto e agora vive. Na construção gramatical, as orações “Sou o Primeiro e o Último” e “estive morto e agora vivo” são orações independentes (orações coordenadas aditivas), e a primeira delas aponta para a divindade de Jesus e a segunda para sua humanidade.

[10] Os que negam a divindade e a eternidade do Filho tentarão afirmar que na ótica trinitária Jesus não é o mesmo ontem, hoje e eternamente, porque ele assume a natureza humana, mudando sua natureza. Todavia, Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente em sua natureza divina, que na união hipostática não se mistura com a natureza humana.

[11] Os que negam a divindade de Jesus irão tentar refutar isso da seguinte forma: “Jesus recebe vida em si mesmo do Pai, assim como os discípulos também recebem. E isso não significa que eles não tenham princípio como o Pai.” O texto que eles citam é: “Em verdade, em verdade vos digo que se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos.” (João 6:53) Todavia, a vida sem princípio, ou vida autoexistente, é a “vida em si”. Observe que Jesus tem vida em si, porque a recebeu do Pai desde sempre. Mas Jesus não disse aos discípulos que eles terão “vida em si em vocês mesmos”, mas “vida em vocês mesmos”. Qualquer pessoa que herdar a vida eterna terá vida nela mesma, mas não vida em si nela mesma.