Os Meios de Controle
do Corpo Governante

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De acordo com as Escrituras Sagradas, Cristo é o edificador de sua Igreja. (Mateus 16:18) A Bíblia o chama também de “o cabeça” da Igreja. (Efésios 5:23) A Igreja, conforme Gruden define, “é a comunidade de todos os cristãos de todos os tempos”.[1] A Bíblia afirma que Cristo se entregou pela Igreja (Efésios 5:25), portanto, não há como separar o cabeça, Cristo, do seu corpo.

Como Cristo, segundo a Bíblia, ressuscitou e não se encontra mais fisicamente entre nós, deixou através do Espírito Santo homens para pastorear o rebanho de Deus. (Atos 20:28-32; Efésios 4:11) O escritor da Carta aos Hebreus afirma que tais líderes prestam contas a Deus por cuidar deste rebanho. (Hebreus 13:17) Pedro escreveu em sua primeira carta que eles deveriam pastorear este rebanho não como dominadores. – 1 Pedro 5:2, 3.

Com estes textos acima expostos, surge a pergunta: O Corpo Governante pastoreia seus asseclas conforme as exigências bíblicas, ou por trás desta liderança bem organizada há abusos como ferramentas de controle religiosos?

Controle Abusivo.

Conforme vimos no capítulo passado, o Corpo Governante criou regras à margem das Escrituras sobre questões polêmicas: a proibição do sangue, o estudo universitário e o tratamento dispensado aos desassociados. Em outros termos, “ensinam por doutrinas que são preceitos humanos”[2], conforme disse Jesus sobre os fariseus hipócritas. (Mateus 15:7, 8) Há muita similaridade entre a tradição oral dos fariseus, que se somava às Escrituras do Antigo Testamento, e as doutrinas do Corpo Governante, que se somam à própria “bíblia” que usam. Assim também, há muita semelhança entre o modo como os fariseus controlavam os membros de seu partido e a maneira como o Corpo Governante lida com seus subalternos.

No caso dos fariseus, sua maior conquista era denunciar elementos impuros e profanos, todavia, ao mesmo tempo, julgando-se os detentores da verdade, ‘coando o mosquito e engolindo o camelo’, ou seja, o que Gundry chama de “artificialismo desse legalismo”. [3] Como isso ocorre entre as Testemunhas de Jeová?

Em primeiro lugar, o Corpo Governante plagiou o sistema episcopal da Igreja Católica Apostólica Romana, mas trocou os títulos dos líderes. Não que o sistema de governo eclesiástico, per se, seja pecaminoso, mas nas mãos de maus líderes pode ser perigoso. No Catolicismo, há o Papa, depois os cardeais, os arcebispos, os bispos e os padres. O Papa comanda toda a Igreja. O mesmo se dá com o Corpo Governante. O Papa interpreta a Bíblia, segundo a fé romana, de forma inerrante, em sua função ex-cátreda. O Corpo Governante, embora admita erros passados, interpreta a Bíblia para seus seguidores e os proíbe de expressarem qualquer discordância de suas interpretações, pois até que não mudem de interpretação e reconheçam o erro dela, levam seus subservientes a encarar seus ensinos como verdade a ser aprendida, aplicada e ensinada na vida diária. É um estilo farisaico de liderança, pois não permite às pessoas terem opiniões diferentes, mesmo que estas sejam com a intenção de contribuir para melhores interpretações, e não causar divisões.

Depois do Papa, há os arcebispos, responsáveis por controlar o andamento da fé católica em grandes territórios, como países ou estados de países grandes. Entre as Testemunhas de Jeová há os superintendentes zonais, que são enviados para supervisionar o andamento dos trabalhos da seita em países e suas respectivas filiais. Conforme a SOCIEDADE TORRE DE VIGIA afirma, “ele supervisiona a obra de pregar e fazer discípulos”. [4]

Assim também como os arcebispos e bispos católicos cuidam de territórios de portes menores, observam-se na organização do Corpo Governante os superintendentes de circuito e de distrito. Os de circuito do andamento da “obra de vinte congregações (templos), permanecendo uma semana em cada congregação; os de distrito cuidam de vários circuitos de vinte congregações. [5]

E assim como no Catolicismo Romano há padres em cada igreja, assim também entre as Testemunhas de Jeová há “anciãos” em cada Salão do Reino para “pastorear” o rebanho do “deus” deles. Qual o problema em tudo isso?

O problema não está na organização em si. Não está no modo como designam líderes para supervisionar sua obra mundial ou regional para garantir que seus ensinos sejam pregados e obedecidos. Não está em serem como os fariseus, buscando proteger seu grupo do que é contra a Palavra de Deus. O problema é que toda esta estrutura organizacional uniformiza, em vez de unir a seita em torno das interpretações bíblicas. Qual a diferença entre uniformizar e unir?

O sistema episcopal, quando bíblico, respeita a liberdade dos leigos, líderes e teólogos de interpretarem a Bíblia conforme seus próprios estudos, desde que tais interpretações não firam os dogmas centrais da fé cristã. Embora haja diferenças de pontos de vista sobre assuntos secundários, todos os cristãos debaixo deste sistema são considerados membros de um só corpo, o de Cristo. Há unidade de propósito, que é adorar a Deus, apesar da diversidade e pluralidade. A autoridade está em Cristo. Todavia, quando o sistema episcopal não é bíblico, a autoridade está num “corpo governante” que decide, em cada detalhe, em que seus asseclas devem crer. A escravidão a tal liderança é tão exacerbada que os estudos bíblicos vêm pronto, restando aos ruminadores do movimento aprender o que lhes é oferecido, sem a liberdade de pensar além, não das Escrituras, mas do que os líderes da seita escrevem.

É exatamente assim que se observa no sistema episcopal disfarçado de teocracia no movimento Testemunhas de Jeová. Toda a seita é uniformizada, não unida. Num casamento feliz, marido e mulher, que sempre possuem pontos de vista diferentes, se amam e cedem em suas opiniões, gostos e modos de ser, para que o casal seja unido apesar das diferenças. Isto é unidade que vem de Deus. Mas a uniformidade não bíblica, fruto do domínio humano e espiritualmente desgraçado, obriga todos a usarem uniformes da fé, desde o vocabulário até as interpretações.

Então, analisemos o controle do Corpo Governante, com toda a sua hierarquia, para assegurar que as suas interpretações sempre reconsideradas e atualizadas estejam sendo cumpridas em toda a terra habitada. Viajemos no tempo e descubramos, então, como o Corpo Governante uniformiza a vida de quem os segue.

Em 1959, surgiu uma questão entre as Testemunhas de Jeová, que proíbem a transfusão de sangue, se seria correto ou não usar medicamentos feitos com frações de sangue. Qualquer leitor assíduo da Palavra de Deus sabe que a Bíblia nada tem a dizer sobre isso, portanto, seria correto um cristão doente aceitar tal tratamento, caso precisasse, a menos que os médicos não lhe recomendassem. Todavia, o Corpo Governante decidiu defender um assunto em que a Bíblia se cala, portanto, dependeria da decisão de cada pessoa. Ele decidiu, no lugar de milhões de vidas, sob uma suposta nova luz de Jeová, que é correto aceitar remédios feitos com frações de sangue. Observe: 

1a. LUZ “…É CORRETO ACEITAR REMÉDIOS FEITOS COM FRAÇÕES DE SANGUE. – “A injeção de anticorpos no sangue tendo como veículo o soro de sangue ou o uso de frações de sangue para criar tais anticorpos não é o mesmo que tomar sangue, …fazê-lo não parece estar incluído na expressa vontade de Deus ao proibir o sangue como alimento. Seria, portanto, assunto de decisão individual quanto a aceitar ou não tais tipos de medicação.” [6]

Mas será que o Corpo Governante manteve a decisão acima? Veja como mudaram de interpretação, lembrando que é sempre com a desculpa de que o deus TJ lança novas luzes para reorientar seu povo: 

2a. LUZ – É ERRADO ACEITAR REMÉDIOS FEITOS COM FRAÇÕES DE SANGUE – “É errado suster a vida mediante infusões de sangue, plasma, glóbulos vermelhos ou várias frações de sangue? Sim! … Quer seja sangue integral quer fração de sangue … a lei divina se aplica”. [7]

Se antes era permitido a ministração de remédios feitos com frações de sangue em TJs, percebemos que o Corpo Governante passou a decidir que não era mais correto fazê-lo. Mas mudaram novamente de opinião. Observe: 

3a. LUZ – É CORRETO (DE NOVO!) ACEITAR REMÉDIOS FEITOS COM FRAÇÕES DE SANGUE – “Que dizer, então, do uso dum soro que contenha apenas uma fração minúscula de sangue e que seja empregado para prover uma defesa auxiliar contra uma infecção, não sendo empregada para realizar a função sustentadora da vida normalmente desempenhada pelo sangue? Cremos que isto deve ser decidido pela consciência de cada cristão.” [8]

Desta vez, deixaram para a decisão de consciência de cada TJ valer-se ou não de remédios feitos com frações de sangue, desde que fosse uma fração minúscula. Mas onde a Bíblia faz diferença do que seria uma fração minúscula ou não de sangue? Mas acredite! O Corpo Governante novamente mudou de interpretação sobre este assunto: 

4a. LUZ – É ERRADO (DE NOVO!) ACEITAR REMÉDIOS FEITOS COM FRAÇÕES DE SANGUE – “Certos fatores plasmáticos da coagulação acham-se agora em amplo uso… os que recebem tal tratamento enfrentam outro perigo mortífero… quase 40% dos 113 hemofílicos apresentam caso de hepatite… todos receberam sangue integral, plasma ou derivados sanguíneos que continham os fatores. Naturalmente, os verdadeiros cristãos não utilizam este tratamento potencialmente perigoso, acatando a ordem da bíblia de ‘abster-se de sangue’”. [9]

Desta vez, proibiram novamente remédios feitos de frações de sangue, alertando seus leitores de que se tratava de tratamento perigoso. Onde a Bíblia ensina isso? Em lugar nenhum! Para alguns pacientes, sob determinadas circunstâncias, o uso de Aspirina é perigoso, mas isto não tem nada a ver com a opinião religiosa de uma liderança mundial religiosa; compete aos médicos avaliarem a questão. Mas por incrível que pareça, os grandes intérpretes das Escrituras mudaram novamente de opinião e retornaram ao conceito de que cada TJ deve decidir por consciência própria, quando estão envolvidas pequenas quantidades de derivado de sangue. Observe: 

5a. LUZ – É CORRETO (DE NOVO!) ACEITAR REMÉDIOS FEITOS COM FRAÇÕES DE SANGUE – “Alguns cristãos acham que aceitar uma pequena quantidade de derivado de sangue para tal fim não é […] desrespeito pela lei de Deus […] adotamos atitude de que esta questão precisa ser resolvida por cada pessoa, por decisão pessoal.” [10]

Conforme podemos observar, e isto já foi demonstrado em páginas anteriores, o Corpo Governante muda sempre de ensinos, e como usa um sistema episcopal para apregoar o que a Bíblia não ensina, sempre precisa rever seus conceitos. Posto isso, para cada ensino alterado, nos cinco exemplos acima, todas os seguidores do Corpo Governante eram e são obrigados a obedecê-los, sob pena de excomunhão ou desassociação. Assim, se em 1959, uma testemunha de Jeová fizesse uso de remédios feitos com frações de sangue, ela não teria problemas com a seita, mas se o fizesse em 1962, teria. Mas se o fizesse em 1974, não teria mais, mas se tivesse feito tal procedimento em 1975, teria. E desde 1978, não teria mais. Mas a pergunta que não quer calar é: O que isto tem a ver com o sistema de controle do Corpo Governante para uniformizar a seita?

Se uma testemunha de Jeová resolvesse aceitar remédios feitos com frações de sangue numa época em que a suposta luz do “deus” dela proibisse tal procedimento, e os anciãos ficassem sabendo desta atitude, ela poderia ser expulsa desta organização. Mas e se os anciãos soubessem do suposto erro dela e concordassem com ela? Neste caso, o superintendente de circuito responsável em cuidar daquela congregação se reuniria com outros anciãos de outra congregação para julgar e punir os infratores. E se os anciãos e o superintendente de circuito tivessem aprovado a atitude da errante? O superintendente de distrito se reuniria com outros anciãos e até superintendentes de circuito para julgar e punir os errantes. E assim, até chegar ao Corpo Governante.

As Testemunhas de Jeová poderiam refutar isso com a afirmação de que este método garante a unidade do ensino cristão. Mas isto é verdade apenas quando o ensino é bíblico. Quando o sistema episcopal, velado ou não, se casa com a heresia, o circo da seita está armado, e o sistema de governo baseado em princípios bíblicos se torna uma tirania recheada de obrigações sem fundamentação bíblica. Assim, o abuso não está na forma em si, mas no fato de que onde há preceitos humanos em assuntos espirituais, não há reino de Deus, mas dos homens, e onde o homem reina – Corpo Governante – homem domina homem para seu próprio prejuízo. – Eclesiastes 8:9.

“Não Leiam o Que Eles Escrevem”.

Nada mais abusivo do que uma liderança mundial intimidar com tom de proibição os adeptos de lerem material de outras religiões e, principalmente, de ex-adeptos da própria seita. Evidentemente, todo cristão deve tomar cuidado com o que lê, mas para julgarmos algo como bom ou ruim, precisamos examiná-lo. A fim de controlar a vida dos seus asseclas, o Corpo Governante alerta:

“Se por curiosidade lesse a literatura apóstata, seria como se convidasse um inimigo da verdadeira adoração à sua casa — um desassociado ou dissociado — para se sentar consigo e expor suas ideias apóstatas. Há apenas um lugar apropriado para tal tipo de matéria — jogue-a fora, no lixo!”[11]

Para a seita, inimigo da verdadeira adoração é toda pessoa que apostata da fé interpretada pelo Corpo Governante. Muitos ex-adeptos do movimento TJ têm escrito livros e matérias em sites para narrar suas experiências e elencar os motivos pelos quais deixaram de ser TJs, sendo que não deixaram de crer na Bíblia e no Deus Yaweh, nem no Cristo enviado por Deus. São apóstatas apenas porque discordaram da liderança mundial. Não se pode negar que em algumas páginas impressas ou virtuais perambulam o ódio religioso contra o movimento. Todavia, muito material bom e confiável pode ser lido, com provas documentais excelentes, a fim de se provar os erros da liderança TJ e incriminá-los como maus intérpretes das Escrituras.

Algumas TJs poderão responder que Paulo demonstrava a mesma preocupação quando escreveu aos cristãos em Corinto sobre seu medo de que assim como a serpente havia desencaminhado Eva pela sua astúcia, assim também eles fossem corrompidos na fé. (2 Coríntios 11:3) Mas Paulo não proibiu que eles lessem algo contra a fé. Pelo contrário, ensinou cristãos a examinarem tudo e reter o que é bom. (1 Tessalonicenses 5:21) Realmente, não se deve perder tempo com fofocas e meias verdades. Mas quando uma instituição religiosa é acusada de agir como falso profeta, por exemplo, é correto analisar os dois lados da questão – o de quem acusa e o de quem é acusado – e dar um veredicto.

O próprio Corpo Governante ensina as TJs a fazer isso, nas palavras: “Para refutar, é necessário conhecer bem os dois lados da questão e analisar detalhadamente as evidências usadas.”[12]. Que pena que isto só e válido quando o Corpo Governante acusa do erro as outras expressões de religião, para que seus seguidores cheguem à conclusão que se “deve” chegar: O Corpo Governante sempre tem razão! Por isso, as TJs jamais podem se sentir livres para analisar os questionamentos de ex-TJs e de apologistas cristãos sérios. A suposta “verdade” frágil que não resiste aos fatos!

Outra forma de manipulação escandalosa se observa do fato de que o Corpo Governante instrui seus seguidores a não publicarem sites defendendo as próprias crenças TJs, pois temem a abordagem crítica de ex-tjs através de e-mails e comentários que podem ser publicados nos próprios sites. Veja como isso é verdade: 

“Não há necessidade de ninguém preparar páginas na Internet sobre as Testemunhas de Jeová, sobre nossas atividades ou crenças. Nossa página oficial apresenta informações exatas para quem as desejar.”[13]

“Portanto, não tenhamos nada a ver com apóstatas ou com qualquer um que afirme ser irmão, mas desonra a Deus. Deve ser assim mesmo que seja um membro de nossa família. (1 Cor. 5:11) De nada nos beneficia tentar refutar os argumentos de apóstatas ou dos que criticam a organização de Jeová. De fato, é espiritualmente perigoso e impróprio ler suas informações, quer em forma impressa, quer na internet.”[14] — Isa. 5:20; Mat. 7:6. w12 15/5 4:12, 13

Sendo assim, o Corpo Governante TJ exerce controle quase absoluto sobre o que uma TJ deve ou não ler. Enquanto impedidas de comparar sua fé com outras, seus métodos de interpretação com outros, os asseclas do movimento são bombardeados rigidamente com uma só mensagem unificada, todavia frágil diante dos questionamentos. A proibição de nem mesmo refutar os argumentos de apóstatas (ex-tjs), com certeza, tem seu lado positivo, praticado até na igreja cristã, pois aqui também se crê que não se deve perder tempo com longos debates com aqueles que não mais professam a fé cristã. Todavia, o abuso reside no fato de que não se é permitido dialogar nem mesmo com ex-TJs que professam a fé incondicional na Palavra de Deus e que levam uma vida de entrega ao Senhor Jesus. Por que, então, tal proibição? A resposta é apenas uma: O exclusivismo religioso de um movimento sectário, que se considera única religião verdadeira, e todas as outras como falsa, somado ao receio de que as TJs descubram os erros absurdos já cometidos por uma organização de maus intérpretes das Escrituras, o que torna questionável a competência de tais líderes em se rotulares os profetas da era moderna, que fornecem a melhor interpretação das Escrituras Sagradas. 

A Estranha Política de Lidar com Pedófilos da Seita.

Em 2015, canais de Televisão na Austrália denunciaram um escândalo promovido pelo Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. Descobriu-se com provas concretas que esta liderança mundial, já por décadas, orientava por carta cada ancião (pastor) em suas respectivas igrejas (Salões do Reino) a não denunciarem às autoridades casos de pedofilia praticados por membros desta comunidade. Por exemplo, a famosa rede de televisão CNN noticiou o seguinte (segue abaixo a transcrição da notícia):

ÂNCORA DO JORNAL – “Uma investigação que está em andamento em Sidney, na Austrália, revelou informações perturbadoras sobre abuso de crianças dentro das Testemunhas de Jeová. Representantes da Igreja revelaram que mais de mil pedófilos foram identificados desde 1950. A comissão descobriu que de desses centenas de casos, nenhum … NENHUM foi denunciado para a polícia. Um ancião denunciou que é prática da igreja não denunciar abusos sexuais, e ao invés disso usam respostas alegadamente baseadas na Bíblia. Emma Hannigan da SBS Australiana tem acompanhado as audiências. Ela falará conosco ao vivo de Sidney. Emma, essa é uma Comissão Real de grande abrangência que começou com alegações de abusos de crianças na Igreja Católica, e agora está investigando as Testemunhas de Jeová. As evidências têm sido até então bastante condenáveis.

REPÓRTER (Emma) – Certamente. A Comissão Real soube que desde 1950, como você disse, mil e seis supostos pedófilos foram identificados nas Testemunhas de Jeová. São mil e seis pessoas, não casos. Então, não sabemos ao certo quantos casos, mas nenhum desses foi denunciado às autoridades. O que a igreja fez foi investigar por conta própria, e isso geralmente envolvia colocar acusado e vítima juntos para discutir a alegação de abuso. Uma vítima identificada apenas como BCB foi atraída e abusada por Bill Niel, um respeitado ancião quando ela tinha quinze anos. Quando o abuso veio à tona, ela foi convocada para uma reunião com os anciãos, incluindo o seu agressor. Bill Niel, hoje falecido, admitiu o abuso. [A vítima disse]: “Eu achei a experiência de denunciar meu abuso para uma sala cheia de homens, incluindo o que me abusou, bastante perturbadora.” Foi pedido a ela que não discutisse o assunto com ninguém mais por respeito ao abusador e à família dele. [A vítima novamente disse]: “Hoje penso que me disseram para respeitar o homem que fez aquelas coisas comigo … mas ninguém me ofereceu nenhum respeito ou apoio.”  A Comissão Real que dos mil e seis supostos pedófilos identificados nas Testemunhas de Jeová, desde 1950, nem sequer um foi denunciado à polícia. Essa evidência foi tirada do testemunho de um ancião que já investigou pessoalmente um caso de abuso.

[Diante das autoridades, o ancião disse]:

AUTORIDADE INTERROGANDO – E a respeito de contar às autoridades, você está ciente das suas obrigações, se alguém lhe fala sobre um caso sério de abuso sexual?

ADVOGADO TESTEMUNHA DE JEOVÁ – Nós não denunciamos para a polícia. Acho que incentivamos para que façam isso, mas damos apoio se precisarem.

REPÓRTER (Emma) – Anciãos podem agora se deparar com acusações criminais por acobertamento de abusos sexuais. A Comissão soube também que a igreja apenas acreditava nas vítimas se o suposto abusador confessasse ou se houvesse duas ou três testemunhas.

[Advogado TJ disse]:

– A exigência de que haja duas ou três testemunhas já impediu de que pelo menos 125 casos de abuso infantil chegassem até uma comissão judicativa.

REPÓRTER (Emma) – As audiências sobre as Testemunhas de Jeová estão previstas para durar por mais duas semanas.

ÂNCORA DO JORNAL – A Comissão ouviu hoje outro ancião que investigou o caso de BCB. Foi dito que quando ele soube que a mulher considerava levar sua história à Comissão Real, ele perguntou: “Qual seria o resultado disso além de levar o nome de Jeová na lama?” Ele admitiu que talvez esta não tenha sido uma abordagem compreensiva para se tomar. Além disso, a Comissão Real tem lidado com a resposta dos anciãos da Igreja quando jovens meninas alegam que foram abusadas sexualmente por membros da igreja.

REPÓRTER (Emma) – Hoje, o ancião Joe Bello disse que a igreja recomenda uma resposta bíblica para o trauma causado pelos abusos sexuais. A Comissão escutou dos sobreviventes de abuso que se sentiram tão negligenciados pela sua igreja que pensaram em suicídio. Eles disseram que nunca lhes foram oferecidos compensação ou consolo, e a própria igreja diz que talvez isso seria algo que eles deveriam considerar, mas certamente eles não estão dispostos a se comprometer com nada no momento.[15]

Por que não levar os casos de abusos sexuais da parte de membros da Organização TJ? Para salvaguardar o nome de Jeová? Ou para proteger o nome da religião contra vitupérios? O controle abusivo do Corpo Governante sobre as vidas de seus asseclas vai até na esfera dos abusos sexuais. É óbvio que não se pretende aqui afirmar que o Corpo Governante endossa tais crimes hediondos, como se os ensinasse através de uma cartilha escondida, mas encara tais crimes absurdos para ser resolvidos em domicílio, quando na verdade, deveria entregar os criminosos às autoridades. Não seria muito melhor, e mais bíblico, respeitar as leis humanas, conforme Romanos 13:1-7 ordena aos cristãos, por entregar tais criminosos às autoridades, e ao mesmo tempo oferecer ajuda bíblica amorosa tanto para o transgressor se arrepender como para a vítima ser consolada?

CONCLUSÃO

Neste capítulo, afirmou-se com provas irrefutáveis que o controle do Corpo Governante sobre seus liderados é abusivo. Ele é capaz de decidir não apenas quais ensinos as TJs devem crer ou não, mas até impor mudanças de ensinos que elas devem aceitar, sem questionar. E algumas dessas mudanças têm a ver com a saúde de membros incautos desta organização, quando ficaram mancando entre opiniões divergentes, se podiam ou não receber frações de sangue doado. Quem erra mais – o “deus” TJ, que não é competente para revelar uma verdade única, pelo menos nesse caso que envolve saúde e até a vida, ou o Corpo Governante, que manca entre várias opiniões diferentes sobre um mesmo assunto e, portanto, não merecem crédito para interpretar as Escrituras Sagradas, a Bíblia?

Também vimos que nada tem a ver a liberdade da qual Jesus promete seus seguidores, a qual os libertaria (João 8:32), com a escravidão das TJs a seu Corpo Governante, o qual as proíbe de ler matérias religiosas que apontam para interpretações diferentes desta liderança mundial.

Por fim, vimos que o Corpo Governante decide pelas TJs, vítimas de abusos sexuais cometidos por “irmãos da mesma organização”, que elas devem ficar caladas e não denunciar este crime hediondo às autoridades, já que usam a Bíblia para aconselhar o abusador e criminoso e sua vítima, desobedecendo a ordem bíblica de obedecer às autoridades e, portanto, negar a entregar a TJ criminosa às autoridades, com a intenção de não trazer vitupério ou mancha ao nome de Jeová, como se Deus precisasse do ser humano para tornar ou manter o nome dele limpo e plenamente santo.

Este texto neste site, e outros sobre o Corpo Governante, que envolveu muita pesquisa, servirá de ajuda para conscientizar pessoas desavisadas do perigo moral e espiritual pelos quais atravessa todo aquele que arvora a se tornar membro da seita Testemunhas de Jeová. Por melhores que sejam alguns dos ensinos desta organização, como o método exemplar de levar as credulidades delas a seus vizinhos, a forma com que usam a Bíblia para preservar a unidade de suas famílias, a maneira com que dão valor à qualidades cristãs como a honestidade e a paz entre os povos, toda esta água que parece limpa na verdade está contaminada com atitudes que a fé cristã chama de heresias, ou desvios doutrinários, nas mãos de líderes mundiais que escravizam seus seguidores de várias formas diferentes.

De acordo com as Escrituras, a Bíblia tem autoridade para nos ensinar, repreender, corrigir. (2 Timóteo 3:16, 17) Os apóstolos, escritores inspirados da Palavra de Deus, reivindicaram tal autoridade, pois eram instrumentos de Deus na revelação de verdades que Ele quis nos comunicar de forma escrita. Mas do que está escrito de forma inspirada por Deus, não se pode ir além para a fé genuinamente cristã. ( 1 Coríntios 4:6) Toda prática ou ensino além das Escrituras, ensinada como verdade divina, nada mais é do que ensino de homens ou tradição humana, e quando uma liderança, não contente em inventar crenças fora da Bíblia, ainda ameaça seus seguidores de serem destruídos num vindouro Armagedom, ou fim do mundo, caso não se confie neles como um suposto canal de comunicação entre Deus e os homens, então nada mais fazem do que reivindicarem o papel de mediadores terrenos entre Deus e os homens, quando na verdade, segundo a fé cristã, há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. – 1 Timóteo 2:5.

Ter uma liderança mundial não é o problema, em si, se esta liderança ensina seus irmãos de culto a serem discípulos de Cristo, não dela. Nada mais terrível para a fé cristã quando elas, sob o escrutínio das provas, revela-se como substituta de Cristo, pondo milhões de pessoas debaixo das palavras de Jesus adulteradas, como se Jesus e ela falassem ao mesmo tempo: “EU SOU O CAMINHO, e nós o atalho; EU SOU A VERDADE, mas você só aprende a verdade conosco, E EU SOU A VIDA, mas você só tem a vida eterna se estiver conosco. (João 14:6) Quando uma liderança mundial se presta a interpretar a Bíblia para seus asseclas sem permitir que eles concordem ou não, com o devido respeito a estes líderes, mas apenas lhes dá a liberdade de concordar, então a liberdade humana nos moldes divinos dá lugar ao farisaísmo, ou, numa linguagem mais moderna, a uma versão mais light de Estado Islâmico, onde não se mata com a faca, mas se mata com a letra; onde o ataque terrorista explode não pessoas, mas sua liberdade de interpretar as Escrituras; onde não se degola crianças da fé oposta, mas da própria fé quando seus pais resolvem não mais salvá-las quando o sangue de outrem é o único recurso disponível urgente nas mãos de um médico competente. No final das contas, parece tudo igual.

Não há liderança amorosa à luz da Bíblia quando ela afirma “iremos para o céu, e somos o canal de comunicação entre Deus e os homens” e todos os demais irão viver na terra para sempre. Conseguem criar uma separação entre eles e seus liderados até mesmo depois de Deus dar a cada um a vida eterna, quando o Cristo da Bíblia ensina que todos serão um só rebanho, um só pastor. (João 10:16) Toda autoridade humana numa seita ou igreja que seja vertical não pode ser o resultado do amor de Deus, mas da paixão pelo poder, pelo governo. O próprio nome diz, o qual não aparece na Bíblia: Corpo Governante.

Que este trabalho seja encarado, além do valor acadêmico, como uma denúncia sobre a estupidez do homem que domina outro homem para arruiná-lo. (Eclesiastes 8:9) Que seja uma nota de utilidade pública, que alerte os seres humanos contra o orgulho eclesiástico por trás de uma careta humilde, como que clamando nas ruas “te amamos quando nos servem, te odiamos quando não nos servem, e para os amar novamente, voltem a nos servir”.

E como grito de ódio ao que é mal, pois a Bíblia ordena a odiarmos o que é mal (Salmos 97:10), finda-se este trabalho com o clamor: Protejam suas crianças de se tornar Testemunha de Jeová, para que possam apagar suas velinhas de aniversário, para que possam crescer e cursar uma universidade sem críticas alheias, e para que possam ter a liberdade de verem, quando for o caso, seus abusadores sexuais irmãos de seita por trás das grades. – Pr. Fernando Galli.

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[1] GRUDEN, WAYNE. Teologia Sistemática : Atual e Exaustiva, p. 715. São Paulo-SP : Vida Nova, 2005.

[2] BÍBLIA SAGRADA Almeida Século 21. São Paulo: Vida Nova, 2010.

[3] GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento, p. 97. São Paulo-SP : Vida Nova, 2011. 3ª. Edição Revisada e Ampliada.

[4] Organizados Para Fazer a Vontade de Jeová, p. 53. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange-SP. 2005.

[5] Organizados para Fazer a Vontade de Jeová, pp. 45-53. Cesário Lange-SP : Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados,  2005.

[6] A Sentinela 1.º de fevereiro de 1959, pp. 95 e 96. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados,  Cesário Lange-SP. 1959.

[7] A Sentinela de 15 de março de 1962, p. 174. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange-SP. 1962.

[8] A Sentinela de 15 de outubro de 1974, p. 640. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange-SP. 1974.

[9] Despertai! de 22 de agosto de 1975, p. 29. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, São Paulo-SP. 1975.

[10] A Sentinela de 1 de dezembro de 1978, p. 31. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados : São Paulo, SP. 1978.

[11] Nosso Ministério do Reino, janeiro de 1987, p. 8, parágrafo 2. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados: Cesário Lange, SP. 1987.

[12] Beneficie-se da Escola do Ministério Teocrático, p. 34. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados : Cesário Lange, SP. 2001.

[13]Nosso Ministério do Reino – Novembro de 1997, p. 7, Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados : Cesário Lange, SP. 1997.

[14] A Sentinela 15 de maio de 2012, pp. 12, 13. Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados : Cesário Lange, SP. 2012.

[15] INTERNET. https://www.youtube.com/watch?v=7r1xmVaZiA0