INTRODUÇÃO
Em nossas Igrejas, veem-se pregações e estudos sobre vários personagens bíblicos, mas pouco se tem pregado e estudado sobre Maria, a mãe de Jesus, o Deus-homem. Talvez este silêncio seja uma reação apologética à Igreja Católica Apostólica Romana, mas Maria não tem nada a ver com nossas brigas por questões teológicas. Conforme estudo resumido a seguir, veremos que ela, com seu nobre exemplo de cristã, merece sim ser estudada, apreciada e imitada. E podemos sim considerá-la como bem-aventurada e bendita!
QUEM ERA MARIA?
- De acordo com a Tradição Cristã, Maria era filha de Ana e Joaquim..
- Maria, de acordo com a Bíblia, residia em Nazaré (Lucas 1:26), e ao que tudo indica era de origem humilde. Em seu cântico, ela louva: “E o meu espírito exalta em Deus, meu Salvador, porque deu atenção à condição humilde de sua serva”.
- Ela era virgem, portanto, tinha uma moral de elogios. – Lucas 1:27.
- Ela foi prometida em casamento a José. – Lucas 1:27.
- Era da descendência de Davi, pois Jesus, seu filho, é chamado de “filho de Davi” (Mateus 1:1), e isto não faria sentido se apenas seu padrasto, José, fosse. Portanto, mulheres com registro de descendência eram tidas como portadoras de boa reputação, e ser descendente de Davi mais ainda, pois seria dessa descendência que surgiria o Messias. – 2 Samuel 7:12, 13; Salmo 132:11.
MARIA – ELA RECEBEU UM PRIVILÉGIO SEM IGUAL.
- Maria recebeu a visita de um anjo. Isto indica que Deus tinha planos para a vida dela. – Lucas 1:28.
- O anjo confirma que ela achou “graça diante de Deus”. – Lucas 1:30.
- Maria recebe o aviso de que seria mãe de Jesus, o Filho do Altíssimo, o Rei Eterno: “Ficarás grávida e darás à luz um filho, a quem darás o nome de Jesus. Ele será grande e se chamará Filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará eternamente sobre a descendência de Jacó, e seu reino não terá fim.” Que privilégio! – Lucas 1:31-33.
- Quando Maria pergunta: “como se dará isso se não conheço um homem?”, isto revelava o caráter dela: Sinceridade, pureza e interesse em saber como Deus realizaria seu propósito na vida dela. – Lucas 1:34.
- O fato de o Espírito Santo vir sobre ela para tornar possível o nascimento de Jesus mostra que para Deus todas as coisas lhe são possíveis e que Maria era a pessoa escolhida, desde a eternidade, para ser a mãe de Jesus. – Lucas 1:35.
- Ao saber do nascimento de Jesus, Maria demonstra quão maleável e humilde ela era nas mãos de Deus: “Aqui está a serva do Senhor; cumpra-se em mim a tua palavra.” – Lucas 1:38.
- Ao saber que ficaria grávida sem a intervenção de um pai humano, ela aceitou a pesada responsabilidade de enfrentar a possível situação vexatória de perder José e até de ser considerada uma adúltera. – Deuteronômio 22:20-24; Mateus 1:19.
- Nesse ínterim, a bondade de Maria se evidencia, pois ao saber do anjo que sua prima Isabel estava grávida, vai auxiliá-la durante três meses. Também, isto foi demonstração de humildade, pois fez isso mesmo sabendo que seria a mãe do Filho de Deus. – Lucas 1:56.
MARIA – ELA SOUBE PERSEVERAR NUMA ÉPOCA DIFÍCIL.
- Maria, estando grávida, juntamente com seu esposo, viaja de Nazaré até Belém, ou seja, 150 quilômetros, provavelmente montada num jumento, para obedecer a um decreto de César Augusto, para que todos fossem para sua cidade natal para serem recenseados. (Lucas 2:1-5) Ou seja, Maria era obediente às autoridades.
- Em Belém, não havia hospedagem para eles, e Maria deu à luz Jesus Cristo numa manjedoura. – Lucas 2:6, 7.
- Maria demonstrou obediência a Deus em chamar seu Filho pelo nome “Jesus”, conforme o anjo havia ordenado. (Lucas 1:31; 2:21) Foi obediente também à Lei de Deus (a) ao passar pelo ritual de purificação para mulheres que davam à luz; (b) ao levar Jesus para ser circuncidado, (c) ao apresentá-lo ao Senhor para ser consagrado, e (d) ao oferecer um par de rolinhas como sacrifício, por ser com José pobre – tudo isso conforme mandava a Lei de Deus dada a Moisés. – Levítico 2:1-8.
- Um pouco depois do nascimento de Jesus, Maria e José são advertidos por um anjo a fugirem para o Egito, porque Herodes, com receio do nascimento do Rei e Messias, mandou matar todas as crianças até dois anos. Novamente. Maria demonstra obediência e vai com seu esposo e Jesus para o Egito. – Mateus 2:13-15.
MARIA – UMA MULHER QUE SOUBE AGRADECER A DEUS.
Ao visitar Isabel, sua prima, Maria, já grávida de Jesus, usa expressões de gratidão a Deus “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador”. Sua gratidão seria pelo fato de (a) Ter sido escolhida por Deus para dar à luz o Messias; (b) Todas as gerações a chamariam “Bem-aventurada”; (c) Deus cuidou da nação de Israel com poder e obras maravilhosas, de modo que ela estava ali como a escolhida por Deus, desde a Eternidade, para ser a mãe do Salvador. – Lucas 1:46-55.
MARIA – UMA MÃE CONFORME A VONTADE DE DEUS.
- Segundo a Bíblia, Maria teve outros filhos. – Mateus 12:46-50; 13:55, 56.
- Ela certamente soube cuidar muito bem deles, pois a Bíblia indica que ela era uma pessoa de fé, que apreciava os momentos espirituais. A Bíblia menciona que ela, quando Jesus nasceu, contemplava e guardava em seu coração toda a ação dos anjos em anunciar a vinda de Jesus. (Lucas 2:19) Ela também acompanhava José quando ele ia na Páscoa em Jerusalém. – Lucas 2:41.
- Quando aos doze anos Jesus não acompanhou seus pais de volta para casa, mas ficou em Jerusalém ensinando doutores da Lei, aprendemos com o relato que Maria preocupou-se com seu filho Jesus. Isto mostra que ela era uma mãe cuidadosa, apesar de ser imperfeita e não ter prestado atenção em Jesus quando partiram de Jerusalém. O relato diz que Maria, ao encontrar Jesus, disse a ele que ela e José estavam procurando-o muito ansiosos. – Lucas 2:42-52.
- Mas o mesmo relato mostra que Maria, e certamente José, souberam educar Jesus na Lei de Deus, pois ele ficou em Jerusalém fazendo perguntas e dando respostas que maravilhavam seus ouvintes, os doutores da Lei. E o menino crescia não apenas no tamanho, mas em sabedoria e na graça de Deus. (Lucas 2:52) Muito do que Jesus aprendeu, por ter se humilhado e se feito homem (João 1:14; Filipenses 2:5-8), ele aprendeu com o ensino de Maria e José.
MARIA – SEMPRE SEGUIA A JESUS APESAR DAS CIRCUNSTÂNCIAS DESFAVORÁVEIS.
- Em Cana da Galileia, Maria, ao avisar Jesus que o vinho havia acabado na festa de casamento em que estavam, ouviu de Jesus a expressão firme: “Mulher, que tenho eu contigo? A minha hora ainda não chegou.” O relato mostra que a reação de Maria, apesar da correção, foi de humildade. Ela disse aos outros: “Fazei tudo o que ele vos disser.” – João 2:4, 5.
- Maria, com certeza, sofreu muito ao ver seu Filho na cruz, morrendo para nos salvar. Conforme o Profeta Simeão havia predito a Maria assim que conheceu o menino Jesus, uma espada atravessaria a alma dela. (Lucas 2:34, 35) Mas ela, diferentemente dos apóstolos, com exceção de João, que abandonaram Jesus quando ele foi preso e crucificaram, Maria esteve ao pé da cruz, junto com Jesus. – João 19:25.
- Mesmo após a morte e ressurreição de Jesus, ela demonstrava seu amor por ele, pois reunia-se com os discípulos e com os irmãos dele, e permanecia em oração. – Atos 1:14.
- Em outras palavras, Maria foi o maior e mais sublime exemplo de intimidade com Jesus, desde carregá-lo na barriga, no seu nascimento, no dar-lhe de mamar e limpá-lo o bumbum, até sua morte na cruz e ressurreição. E quem pode duvidar que seu relacionamento com Jesus continua maravilhoso na glória até hoje!
MARIA RECEBEU O DEVIDO RECONHE-CIMENTO.
- Quando o anjo Gabriel apareceu à Maria, ele lhe disse: “Alegra-te, agraciada, o Senhor está contigo” e “encontraste graça diante de Deus”. – Lucas 1:28, 30.
- Maria é a única mulher nas Escrituras a ser chamada de “esposa de um justo”. – Mateus 1:19.
- João Batista, no ventre de Isabel, saltou ali dentro, quando Isabel ouviu o cumprimento de Maria, pois ela estava grávida de Jesus. – Lucas 1:41.
- Isabel exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” – Lucas 1:42.
- Isabel chama Maria de “mãe do meu Senhor”. – Lucas 1:43.
- A própria Maria diz que todos a chamariam de Bem-Aventurada. – Lucas 1:48.
- Maria recebe reconhecimento de Jesus, na cruz, quando este diz a João: “Eis a tua mãe”. – João 19:25.
- Paulo reconhece que de uma mulher, evidentemente Maria, veio o Resgatador. – Gálatas 4:4.
- João, em seu Apocalipse, parte da história de Maria, sendo perseguida por Herodes ao dar à luz o menino Jesus, para descrever a glória de Israel, como uma mulher vestida do sol e da lua e tendo uma coroa de doze estrelas, mulher esta que dá à luz a Jesus, o Salvador. – Apocalipse 12:1-6.
MARIA TINHA UM CORAÇÃO REPLETO DE RIQUEZAS ESPIRITUAIS.
Quando Jesus nasceu, os pastores estavam no campo. E anjos cantaram “glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. (Lucas 2:14) Os pastores foram visitar Jesus. E Maria “guardava todas essas coisas, meditando sobre elas no coração”. (Lucas 2:19) Quem sabe poderemos aprender com ela no céu sobre momentos especiais que ela viveu com Jesus, e que a Bíblia não relata!
CONCLUSÃO
Maria foi uma pessoa muito especial aos olhos de Deus. Se a Bíblia diz que Jesus, o Cordeiro, foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:8) porque para Deus esse fato acontecido há dois mil anos já havia sido decretado por Deus desde a eternidade, então o mesmo podemos dizer sobre o nascimento de Jesus. Logo, podemos inferir pela lógica que Maria também foi predestinada por Deus, desde a eternidade, para ser a mãe de Jesus. Mesmo assim, ela foi humilde, maleável e plenamente obediente à vontade de Deus. Que possamos imitá-la. – Compare com 1 Coríntios 11:1; Hebreus 13:7.
– Pr. Fernando Galli