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Desde que Deus me deu a missão de cuidar de minha mãe, D. Therezinha, em novembro de 2013, vinha sentindo um grande desejo de escrever textos sobre a vida e o ministério de Maria. Nesta importante missão de cuidar de minha mãe viúva (Tiago 1:27), Deus me ensinou a amá-la de uma maneira muito especial. Se eu, um pecador miserável, tenho este amor por minha mãe, que brota do coração de Deus, quanto mais lindo e puro deve ter sido, é e será o amor com que Jesus, o Deus-homem, amou sua mãe e nossa irmã, Maria. 

Devido às discussões teológicas sobre a identidade de Maria, os protestantes em sua avassaladora maioria, com receio de dar margens às crenças católicas romanas, abandonaram Maria a um canto qualquer na história da Igreja. Uma grande injustiça por sinal. Transformaram o “bendita és tu entre as mulheres” (Lucas 1:42) numa vaga lembrança, tal como se tem sobre quem foram as filhas de Jó. Uma pena.

Da minha parte, nunca acreditei que Maria fosse uma mulher qualquer. Inadmissível para um teólogo cujo compromisso é com a verdade da Bíblia. (João 17:17) Nunca deixei de dizer a Deus, em minhas orações, quão grato sou pelo maravilhoso exemplo que esta mulher nos deixou para imitar sua fé, humildade e maleabilidade nas mãos do Criador. Nunca escondi minha admiração, meu carinho por aquela que Deus escolheu antes de haver mundo para ser a mãe do meu Senhor. (Lucas 1:43) Eu disse antes de haver mundo? Como assim?

Eleita e Predestinada Por Deus

A história de Maria, como a de todos os salvos em Cristo Jesus, começa na eternidade, antes de Deus iniciar sua criação. Sobre todos os salvos, a Bíblia ensina: 

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para si mesmo, segundo a boa determinação de sua vontade, para sermos filhos adotivos por meio de Jesus Cristo.” – Efésios 1:3-5.

Entre todos estes eleitos para serem santos e predestinados para Deus evidentemente encontramos Maria.

Só que Maria não apenas foi eleita ser santa e irrepreensível e predestinada para ser filha adotiva de Deus. Ela foi eleita e predestinada para uma obra ímpar, que nenhuma outra pessoa, nenhuma outra mulher realizou, a saber, ser a mãe do Deus-homem, Jesus Cristo.

Antes de haver mundo, o Deus Triúno decidiu criar. Criou a realidade espiritual para conter seres angelicais e a realidade material, o universo físico, onde numa das mais de cem bilhões de galáxias, num planeta chamado Terra, haveria criaturas animais e humanas. 

Todavia, Deus, por ser onisciente e contar o final desde o princípio (Isaías 46:9, 10), sabia que o homem pecaria e colheria como consequência a morte, tanto física como espiritual. (Gênesis 2:16, 17; Lucas 9:60; Efésios 2:1, 5) Mesmo assim, por seu grandioso amor e preciosa graça, e para a sua própria glória, decidiu criá-lo. (Gênesis 1:26) Mas não somente isso, decretou como faria para libertar o homem do pecado e da morte. Deus, em sua infinita misericórdia e graça, antes mesmo de criar a vida, quer nos céus espirituais, quer na terra, determinou que o meio de salvação para o homem fosse por sacrifício, por morte de cruz. (Gênesis 3:5; Filipenses 2:5-9) E quem viria aqui na terra morrer por nós? Um anjo? Não, pois aquele que viesse morrer por nós teria que ser um verdadeiro e eficaz mediador entre Deus e os homens. Mas para ser um verdadeiro e eficaz mediador entre Deus e os homens, deveria ser tanto Deus quanto homem. Um anjo poderia ser homem, mas não poderia ser Deus. Por isso, o Deus Triúno determinou que o Deus-Filho, sem deixar de ser Deus, assumisse a forma humana, e como Deus-homem viesse morrer por nós para nos salvar do pecado e da morte e nos dar a vida eterna. – Romanos 5:12; João 3:16.

Mas onde Maria entra nisso? Bem, no tempo humano, ou no decorrer da história humana, há dois mil anos, a Bíblia mostra que Jesus nasceu de uma virgem chamada Maria, por obra do Espírito Santo. (Mateus 1:20-23; Lucas 1:31, 35) Este menino-Deus nasceu, cresceu, iniciou seu ministério aos trinta anos, e morreu por nós numa cruza os trinta e três anos. Na história humana, no tempo dos homens (chrónos), faz apenas dois mil anos que isso aconteceu. Mas para Deus, no tempo (kairós) de Deus, a sua morte ocorreu desde a fundação do mundo. Observe: 

“Todos os habitantes da terra a adorarão (a besta), aqueles cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” – Apocalipse 13:8.

Se no tempo de Deus, em sua mente, em sua realidade eterna, Jesus já havia morrido por nós desde a fundação do mundo, então para Deus Maria já havia dado à luz a Jesus também antes mesmo de existir o homem. Mas muito mais do que isso, Deus desde a eternidade, quando decidiu que Jesus viria morrer por nós, decidiu também quem seria a mulher que receberia o Verbo de Deus encarnado em seu ventre. Assim, Maria não apenas foi eleita e predestinada à salvação em Cristo Jesus, mas também para ser a mãe do Verbo que se fez carne, a mãe do Deus-homem. – João 1:14.

Com isso em mente, algumas perguntas surgem: (a) Escolheria Deus uma mulher qualquer? (b) Será que Deus não a prepararia desde seu nascimento, através de seus pais e do Espírito Santo, para ser a “bendita entre as mulheres” e dar à luz o “bendito fruto do seu ventre”, Jesus? (c) Como ela reagiria diante do anúncio de que seria a mãe de Jesus? (d) Que preciosas verdades a Bíblia revela sobre o caráter de nossa querida e amada? (e) Como que seu exemplo Cristão nos ajuda a imitar a Cristo? 

Portanto, convido você a romper com o tabu de que não se pode falar de Maria! Não pense mais assim! Todos nós temos personagens bíblicos preferidos, e esta série de estudos-aulas sobre a vida e o ministério de Maria será uma excelente oportunidade para você ser muito grato a Deus pelo que a Bíblia revela sobre Maria, a mãe do Deus-Homem, Jesus Cristo. – Pr. Fernando Galli.