Nas lições passadas, aprendemos que Deus escolheu Maria para ser a mãe de Jesus antes de haver mundo, que sua vida e ministério foi anunciada no Antigo Testamento (Isaías 7:14) e que ela nasceu e cresceu em Nazaré, durante o domínio do Império Romano.
No episódio de hoje analisaremos as lições aprendidas do fato de Maria ter sido a virgem prometida em casamento a José.
O Noivado nos Dias de Maria
Lemos em Lucas 1:27, que o anjo Gabriel apareceu “a uma virgem comprometida a casar-se com um homem chamdo José, da descendência de Davi; o nome dela era Maria.”
Nos tempos bíblicos, o casamento não era como o de hoje. As mulheres não tinham oportunidade de escolher com quem iriam se casar. Com Maria, não aconteceu diferente. Era o costume da época. Não havia o flerte, a conquista. Os pais arranjavam o casamento. Era casar para amar depois. Mas por incrível que pareça, os casamentos eram muito mais estáveis do que hoje.
No caso de nossa jovem irmã Maria, há uma tradição baseada no livro apócrifo, O Proto-Evangelho de Tiago, que narra Maria conhecendo, ficando prometida e se casando com José já idoso. Isto explicaria o silêncio da Bíblia sobre José, como personagem atuante, após o episódio de Jesus ensinando no templo em Jerusalém. Com certeza, quando Jesus inicia seu ministério aos trinta anos, seu pai adotivo, José, já era falecido. Mas o mesmo Proto-Evangelho de Tiago narra que José fora escolhido por Deus para ser o futuro esposo de Maria, quando dentre muitos bastões, o de José é que floreceu. Mesmo que esta narrativa não possa ser provada, ela certamente fala uma verdade: Deus cuidou tanto da virgem Maria que permitiu que um homem certamente maravilhoso e justo diante de Deus fosse o esposo dela. Fica evidente isso no texto de Lucas 1:27, quando diz que José era da descendência de Davi. Como o Messias, o Salvador, seria filho (descendente) de Davi, mesmo José não sendo literalmente pai de Jesus, Deus tomou o cuidado de que seu pai adotivo fosse da descendência de Davi*.
As mulheres de boa índole, nos tempos bíblicos, no contexto judaico, mantinham-se castas e intocáveis até o casamento. A virgindade da mulher era um sinal de pureza das mulheres e da boa reputação da família, que a ensinou a obedecer à lei de Deus, ensinada desde o jardim do Éden: Primeiro Deus os abençoou, ou seja, os casou, depois deu ordem para que se reproduzissem. (Gênsis 1:28) Assim, uma mulher casta, pura e exemplar só tinha relações sexuais com seu esposo depois do casamento. E Maria, conforme prometido por Deus pelo profeta Isaías, seria virgem ao dar à luz a Jesus, logo ela se casaria virgem.
Nos tempos bíblicos, antes do casamento havia o noivado bem mais sério do que os atuais, quando o casal já era considerado como casado. Por isso, lemos que José, antes de se casar com Maria, por não saber que o Espírito Santo fez Maria engravidar, pretendeu ‘divorciar-se’ dela. (Mateus 1:19) Sim, noivados só eram desfeitos por justa causa e com o divórcio. Isto nos ensina que naqueles tempos o noivado era na verdade um meio de se dizer à sociedade “Nós vamos nos casar, com certeza”. Era um compromisso tão sério que o noivado durava doze meses, em média, e nesse período o noivo devia preparar a sua casa. Nesse período de noivado, em Israel, o noivo era até mesmo dispensado do serviço militar, para que ele não corresse risco de morrer. [1] – Deuteronômio 20:7.
Maria não apenas se guardou para o casamento, mantendo-se casta. Como ela havia sido eleita e predestinada por Deus para ser a mãe de Jesus, o Deus-Homem, Deus certamente a preservou também, tanto para não escolher o homem errado, como para não transgredir a Lei de Deus. De fato, perder a virgindade era uma desonra terrível para a família e uma mulher que perdesse a virgindade antes de se casar deveria ser apedrejada, segundo a Antiga Aliança com Israel. (Deuteronômio 22:20, 21) Mas uma mulher virgem à espera de seu casamento é motivo de elogio. A virgindade era tão bem vista que acabou nas Escrituras tornando-se símbolo de castidade e pureza espirituais. Por exemplo, em Apocalipse 14:4, a Igreja salva é representada pelos 144 mil, sendo estes virgens por não terem se contaminado com mulheres** (organizações mundanas, anticristãs, como Babilônia, por exemplo).
Maria, então, nunca havia conhecido um homem. A pessoa ideal preparada por Deus para receber em seu ventre o nosso Senhor Jesus Cristo.
Também, é interessante nos colocar no lugar do anjo Gabriel para entendermos a preciosidade de Maria para Deus. A Bíblia mostra que anjos foram usados por Deus para trazer mensagens aos homens. De todas as mensagens divinas trazidas a nós por anjos, Maria foi a que ouviu a mais importante de todas, conforme veremos mais à frente. Mas o anjo Gabriel, com o coração posto em sua obra e missão tão especial9w, certamente amou Maria por trazer-lhe esta notícia.
Lição Para Nós
A virgindade de Maria nos constrange. A maioria dos cristãos vão para o casamento já tendo experimentado o sexo antes da hora. Líderes religiosos já afirmaram ser difícil encontrar quem não faça isso antes de se casar. Se tivéssemos dado a devida importância ao exemplo de Maria, e de tantas outras mulheres na história bíblica que obedeceram às leis divinas quanto à castidade, teríamos errado menos. Embora possamos confiar na misericórdia de Deus, pelo sacrifício de Cristo, que há perdão para os que erraram antes do casamento, jamais deveríamos usar a misericórdia divina como desculpa para o pecado.
Maria ter se mantido casta, mesmo já antes de receber o anúncio de sua missão, nos ensina que devemos viver uma vida de santidade, independentemente de recebermos ou não privilégios espirituais na Igreja de Jesus Cristo. Não existe essa: “Quando me tornar pastor, eu mudo meu jeito”, “quando ingressar no ministério do louvor, me consagro a Deus”. Não! Buscar a santidade é desde já!
Assim como a virgindade de Maria está nitidamente relacionada com o nascimento de Jesus, nossa virgindade espiritual – não nos contaminar com o mundo – também tem a ver com o nascimento de Jesus em nosso viver. E precisamos mantê-lo sempre nascendo em nós, por mantermo-nos virgens neste mundo pecaminoso.
Conclusão
Portanto, vamos imitar o exemplo de Maria. Assim como Paulo disse “tornai-vos meu imitadores assim como eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1), podemos imitar Maria em sermos virgens em sentido espiritual. A Igreja invicta no céu, simbolizada pelos 144 mil judeus espirituais”, não se polui com mulheres. (Apocalipse 14:4) Precisamos andar na contra mão do mundo. Tudo que não é de Cristo deve ser posto de lado. Paulo escreve sobre nos purificar da imundície da carne e do espírito. (2 Coríntios 7:1) Pedro diz que temos de ser santos como Ele é santo. (1 Pedro 1:15, 16) E é óbvio, nosso exemplo maior de santidade é Cristo. Assim como Maria fez a sua parte para receber Cristo em sua vida e depois segui-lo, assim também precisamos buscar a santidade, imitando Maria e outros heróis da fé, na nossa caminhada com Jesus Cristo.
No próximo episódio, veremos que o anjo aparece a Maria e suas primeiras palavras a ela são de um valor teológico tremendo paraa fé cristã. Não perca! – Pr. Fernando Galli.
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* Veja: Mateus 1:1, 20; 9:27; 12:23; 15:22; 20:30, 31; 21:9, 15; Marcos 10:47, 48; 12:35; Lucas 18:38, 39; 20:41.
** As mulheres com quem os 144 mil não se contaminam não podem ser mulheres literais, pois a Bíblia não ensina que perder a virgindade com um mulher, dentro do casamento, não é pecado. Se não são mulheres literais, então a virgindade também não é, mas sim nosentido espiritual.
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[1] Ralph Gower. Usos e Costumes nos Tempos Bíblicos, p. 65. CPAD, Rio de Janeiro, 2007.a