AULA 4 – TENTATIVAS FRACASSADAS DE SE DESPERSONIFICAR O ESPÍRITO SANTO. – PARTE 1.

INTRODUÇÃO.

Na aula de hoje veremos várias refutações a tentativas de se impessoalizar, ou despersonalizar, o Espírito Santo à luz das Escrituras. Com toda a certeza, provaremos que os argumentos usados pelos contradizentes (Tito 1:9) sequer nos fazem cócegas, sequer nos convidam a repensar melhor o assunto, desde que conheçamos bem a doutrina.

AS TENTATIVAS FRACASSADAS DOS HEREGES.

Os argumentos abaixo foram selecionados de sites oficiais e não oficiais de seitas e de seus adeptos. Apesar da fragilidade destes, dizemos ser os melhores argumentos já vistos.

Tentativa 1 – “Quando a Bíblia chama o Espírito Santo de “o Consolador” (João 14:16, 26; 15:26; 16:7), não significa que seja um ser pessoal, pois a Bíblia ensina que as Escrituras consolam (Romanos 15:4) mas as Escrituras não são pessoas; A benevolência de Deus consola (Salmo 119:176), mas a benevolência não é pessoa; A vara e o bastão de Deus consolam (Salmo 23:4), mas não são pessoas.”

Resposta Cristã – Em primeiro lugar, com um argumento desses acima, se poderia tentar provar que até Deus, que nos consola, não é um ser pessoal pelo fato de a benevolência, as Escrituras, a vara e o bastão de Deus consolarem mas não serem pessoas. A questão é: O fato de “bastão”, “benevolência”, etc., consolarem sem serem pessoas não prova que o Espírito Santo consola sem ser uma pessoa. 

Em segundo lugar, nunca “escrituras”, “benevolência”, “vara” e “bastão” são pessoas, mas “Espírito” muitas  vezes é usado na Bíblia para se referir a pessoas. E a palavra “santo” refere-se na maioria das suas ocorrências a seres pessoais. Assim, comparar o “Espírito Santo” em sua ação de consolar com substantivos impessoais que consolam é um erro tolo de exegese. É comparar palavra polissêmica com palavra monossêmica. 

Em terceiro lugar, no caso das Escrituras que consolam, elas são inspiradas pelo Espírito Santo de Deus. Assim, o Espírito Santo consola através das Escrituras inspiradas por Ele. 2 Pedro 1:21) Como uma “coisa” pode usar outra “coisa” para consolar? Não é muito melhor e lógico crer que um ser pessoal usa algo para consolar?

Em quarto lugar, nem as Escrituras, nem a benevolência, nem a vara e o bastão de Deus são chamados de “o Consolador”, mas o Espírito Santo sim. E esse Consolador fala do que ouve. (João 16;13, 14) Somente um ser pessoal pode falar do que ouve. Portanto, a tentativa acima não procede.

Tentativa 2 – “O espírito santo é descrito como “outro” ajudador em relação a Jesus Cristo. (João 14:16) A palavra grega para “outro” nessa passagem é állos, que significa “outro” da mesma espécie. Com base nisso, alguns trinitaristas afirmam que, uma vez que Jesus é uma pessoa, o “outro” ajudador também teria de ser uma pessoa.  Mas a comparação aqui não é no sentido de Jesus e o espírito santo serem ambos pessoas. O texto não diz: ‘O Pai dará outra pessoa’, e sim “outro ajudador”. A linha de comparação está na palavra “ajudador” (ou “consolador”, conforme algumas traduções). Tanto Jesus como o espírito santo são descritos como ‘ajudadores’ ou ‘consoladores’. O espírito santo é “outro [állos] ajudador” no sentido de que daria continuidade à ajuda prestada por Jesus na promoção dos interesses do Reino de Deus, e de forma alguma tal passagem poderia ser usada para provar a existência de uma suposta terceira pessoa dum Deus trino.”

Resposta cristã – Se o outro Consolador (O Espírito Santo) continuaria a obra do primeiro Consolador (Jesus Cristo), como o segundo Consolador seria uma coisa? Ademais, se não há no texto a frase “O Pai vos enviará outra pessoa”, também não há a frase “O Pai vos enviará outro meio de consolar.” O outro Consolador a ser enviado deveria estar à altura do Papel de Cristo em consolar, e somente um ser pessoal faria isso, e tão Deus quanto Jesus!

E afirmar que “O espírito santo é “outro [állos] ajudador” no sentido de que daria continuidade à ajuda prestada por Jesus na promoção dos interesses do Reino de Deus” é por nos lábios de Jesus o que Ele não quis dizer. Ademais, assim como o Pai envia Jesus, um ser pessoal, Jesus, da parte do Pai, envia outro ser pessoal, o Espírito Santo, para que os discípulos não fiquem órfãos. (João 14:18) Visto que Deus é Pai, qualquer pessoa da Trindade, por ser Deus, pode exercer a função de Pai. Então, raciocine: Faria sentido Jesus prometer não deixar seus discípulos órfãos e no lugar dele enviar para agir como pai uma coisa, ou uma força? Isso só na cabeça de quem está terrivelmente desesperado em provar o que a Bíblia não ensina.

Tentativa 3 –  “Note abaixo as características aplicadas pela Bíblia ao espírito santo que determinam, além de qualquer dúvida, a sua natureza impessoal:    

  • ENCHE pessoas. – Êxo. 31:3; Atos 2:4.
  • Pode VIR SOBRE elas. – Juí. 3:10; Luc. 2:25.
  • Pode ESTAR ATIVO em pessoas. – Juí. 14:6; 1 Sam. 10:6.
  • É DERRAMADO. – Atos 2:17; 10:45.
  • DISTRIBUÍDO. – Heb. 2:4.
  • – Núm. 11:17, 25.
  • – João 20:22.” 

Como pode pessoas ficarem cheia de outra? Como pode uma pessoa espiritual vir sobre a outra, ficar ativa nela? Poderia ser derramada, parcelada e soprada?

Resposta Cristã – O Espírito Santo de Deus é responsável pela manifestação do poder de Deus. Por isso lemos a expressão “poder do Espírito Santo”, em Romanos 15:13, 17. Ou seja, o Espírito Santo tem poder, e não é apenas o poder de Deus. Jesus disse que os discípulos receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo. (Atos 1:8) Portanto, quando o Espírito Santo age, a manifestação é para conferir poder de Deus. E o poder de Deus enche, vem,  pode estar ativo, é derramado, é distribuído, é parcelado e é soprado. Mas quem dá esse poder de Deus? O Espírito Santo de Deus, conforme os versículos acima de Romanos e Atos. Portanto, é figura de linguagem tais expressões usadas para com a atuação do Espírito Santo, assim como Paulo fala de si mesmo sendo derramado como sacrifício. – Filipenses 2:17.

Mas por que não vemos em momento algum a Bíblia ensinar que o Pai e o Filho são soprados, derramados, distribuídos, parcelados, etc? Porque a palavra “espírito” (ruahh, no hebraico, e pneuma, no grego), por ser polissêmica, ou seja, possuir vários significados, incluindo “vento”, “poder”, e permite o uso de tais expressões. Por isso, Jesus faz o trocadilho, soprando “Espírito Santo” (João 20:22) Mas o Espírito Santo não é vento para ser soprado. Trata-se apenas de figura de linguagem. O mesmo se refere a encher. Ficamos cheios de Espírito Santo não porque Ele seja ar, vento, mas porque nos dá poder, então ficamos cheios do poder do Espírito Santo, e isso está na Bíblia, não é invenção nossa. 

Em português e em outras línguas, em linguagem figurada se poderia dizer: “Eu darei de mim mesmo a vocês” ou “um pouco de mim para cada um de vós”. Óbvio que eu não seria repartido em pedacinhos e dado para cada um. O uso de uma expressão simbólica a uma pessoa não a despersonaliza. Seguir à risca a gramática para definir ontologicamente o Espírito Santo é afirmar que Deus depende da gramática ou até semântica das palavras para se explicar. Se assim fosse, quando se diz que Deus é espírito (João 4:24) ou o Senhor é o Espírito (2 Coríntios 3:17), então seríamos obrigados a definir Deus como força ativa também.

Tentativa 4 – “O espírito santo é comumente associado a coisas impessoais. A Bíblia fala de ‘batizar com espírito santo e com fogo’ (Mat. 3:11); de estar “cheio de fé e espírito santo” (Atos 6:5; 11:24); e de estar “cheios de alegria e de espírito santo”. (Atos 13:52) O espírito santo dá testemunho, mas não junto com o Pai e o Filho (João 8:17, 18), e sim, junto com coisas impessoais, tais como a água e o sangue.  – 1 João 5:5-8.”

Resposta Cristã – O Espírito Santo é associado com o que é impessoal. Mas se isso é prova de sua impessoalidade, então quando a Bíblia diz “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, seria prova de sua pessoalidade, já que o associa com o Pai e o Filho. Estar cheio de fé, de alegria e de Espírito Santo não prova sua impessoalidade porque a fé e a alegria são consideradas como fruto do Espírito Santo, e Deus também as dá. (Gálatas 5:22, 23) E quanto à afirmação de que o Espírito Santo dá testemunho, mas não junto com o Pai e o Filho, mas junto com coisas impessoais, como a água e o sangue, é errôneo afirmar que o Espírito Santo dá testemunho separado do Pai e do Filho. Mesmo porque Jesus disse sobre o Espírito Santo: “Ele dará testemunho de mim”. – João 15:26.

Mas por que se diz que o Espírito Santo dá testemunho junto com a água e o sangue? Isso não torna o Espírito de Deus impessoal? Não! Onde se diz na Bíblia que substantivos numa mesma frase praticando o mesmo verbo precisam ser todos, ou pessoais ou impessoais? Não existe regra gramatical para isso! Será que na frase “Através de Machado de Assis e de suas obras somos enchidos de conhecimento” eu seria tentado a raciocinar: “Assim como as obras de Machado de Assim não são seres pessoais, assim também Machado de Assis não é”? Ninguém faria isso!

Quanto a ‘ser batizado com Espírito Santo e fogo’, o fogo simbólico aqui é resultado da própria ação do Espírito Santo em Pentecostes. (Atos 2:1-4) E mesmo que se interprete “fogo” como a destruição vindoura, então ficaria evidente a ação do poder de Deus em fazer tal ato, através do Espírito Santo de Deus. 

Quanto ao verbo batizar, alguém poderia perguntar: Como se pode batizar uma pessoa com outra pessoa? Bem, em 1 Coríntios 10:2 fala-se dos Israelitas serem batizados em Moisés. Como pode uma pessoa ser batizada na outra? Claro que é simbolicamente, dirão os hereges. E o mesmo dizemos a respeito do Batismo com ou no Espírito Santo. 

Como contra-argumento, poderíamos usar a expressão bíblica: “Satanás entrou em Judas”. (Lucas 22:3) Se fôssemos tomar essa frase ao pé da letra como fazem no argumento “ficaram cheios do Espírito Santo”, alguém nos questionaria: “Como uma pessoa pode entrar dentro da outra?” É óbvio que eles diriam que isso aconteceu porque um espírito pode entrar num corpo. Então, o mesmo dizemos: O Espírito Santo pode entrar, morar, residir não apenas numa pessoa, mas em bilhões, tantas quantas Ele quiser, e ao MESMO TEMPO, pois Ele é Todo-Poderoso, e pode se manifestar como pomba, como línguas de fogo, da forma como Ele quiser, sem que isso necessariamente signifique que Ele seja exatamente da forma como Ele se manifesta.

Tentativa 5 – “Ademais, afirmar que o espírito santo é uma pessoa, além de ser biblicamente incorreto, tendo em vista o contexto bíblico, também implica em problemas teológicos desconcertantes para os defensores do dogma da Trindade. Isso levantaria questões intrigantes, tais como: Por que Jesus não apresentou o espírito santo como testemunha junto dele e do Pai? – João 8:17, 18.

Resposta Cristã: Isso é mero argumento de silêncio. Vamos dar respostas à luz da Bíblia. Jesus disse: “Está escrito na vossa lei que o testemunho de dois homens é verdadeiro.” De fato, em Deuteronômio 17:6 e 19:15 falam de duas ou três pessoas servirem como testemunhas. Assim, Jesus achou que o testemunho do Pai e dele mesmo eram suficientes, além do que Jesus não havia ainda nem prometido o Espirito Santo a seus discípulos. E quando promete, afirma que o Espírito Santo daria testemunho de Jesus. (João 15:26) Portanto, há três que testificam da mesma coisa, sobre Jesus: O próprio Jesus, junto com o Pai e o Espírito Santo.

Tentativa 6 – Se Deus é uma Trindade, por que Jesus não disse: ‘Eu e o Pai e o Espírito Santo somos um’? (João 10:30) Por que ele disse que o Pai estava em união com ele e ele em união com o Pai, mas não citou o espírito santo como parte dessa união? – João 14:10, 11; 17:21-23. 

Resposta Cristã – Argumento de Silêncio. O Espírito Santo não era conhecido ainda. Este só se manifestou no Pentecostes. Seria a mesma coisa que um judeu dissesse: “Se Jesus realmente salva, por que em Isaías 43:11 não se mencionou que Jesus também um dia salvaria, mas disse apenas que o Eterno Salva?” Argumento de silêncio! Mais à frente, Jesus é revelado como Salvador. (Atos 4:12) Da mesma forma, se o Espírito Santo, mais à frente, é mencionado como sendo enviado em nome de Jesus (João 14:26) e vem da parte do Pai (João 15:26), então quem ousaria a negar que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um? É óbvio que são. 

Sobre a pergunta três, cuja resposta parte da premissa de que os ouvintes de Jesus não haviam ainda recebido o Espírito Santo de Deus, baseio-me nas Escrituras para ensinar que há um só Espírito (Efésios 4:5), e Deus é Espírito (João 4:24), e que devemos ter o Espírito de Deus e de Cristo (Romanos 8:9), que o Espírito de Cristo estava nos profetas que anunciavam sua vinda (1 Pedro 1:11), que o Senhor é o Espírito (2 Coríntios 3:17), etc. Ou seja, há um só Espírito, todavia o Pai é o Espírito, Jesus é o Espírito, e o Espírito Santo é chamado, às vezes, de o Espírito de Deus. Então, eu não posso me basear apenas na ausência das palavras “Espírito Santo” nas frases de Jesus para construir uma doutrina, mas basear-me na Bíblia toda. Um Espírito (Deus) subsistindo em Três Pessoas Espirituais (Pai, Filho e Espírito Santo). 

Tentativa 7 – Por que Jesus não mencionou o espírito santo, quando disse que a vida eterna depende de conhecer o Pai e o Filho? – João 17:3.

Resposta Cristã – Quando Jesus disse as palavras de João 17:3, ele já havia prometido o Espírito Santo, mas Este ainda não havia iniciado sua obra. Mas por que Jesus não mencionou o Espírito Santo? Em primeiro lugar, Jesus não estava dando aula de teologia, mas orando ao Pai. Segundo, Jesus havia pouco antes dito que seria o Espírito Santo quem nos ensinaria toda a verdade. (João 16:13, 14) Assim, como conhecer o Pai e o Filho sem ser ensinado pelo Espírito Santo? Portanto, a função do Espírito Santo é exatamente esta: Ensinar-nos a conhecer o Pai e o Filho. Todavia, Jesus disse aos discípulos que eles conheciam em parte o Espírito Santo. (João 14:17( Sendo assim, quando combinamos João 17:3 com João 14:17, chegamos à conclusão que podemos conhecer o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Tentativa 8 – “Por que a “grande multidão” de salvos atribui a salvação ao Pai e ao Filho, mas não ao espírito santo? – Rev. 7:10.”

Resposta Cristã – Outro argumento de silêncio. A função do Pai, na Trindade, é Salvar o homem através do Filho, Jesus, será que o Espírito Santo não salva? O único nome pelo qual importa que sejamos salvos é Jesus (Atos 4:12), mas o Espírito Santo regenera o homem, fazendo-o nascer de novo (João 3:3-6) Além disso, no plano de Salvação, o Espírito Santo, enviado após a morte de Cristo, tem a função de selar os salvos e servir-lhes como garantia da salvação. (2 Coríntios 1:22; Efésios 1:13, 14) Então, quando unimos a Apocalipse 7:10 estes outros versículos, chegamos à conclusão que as três Pessoas Divinas participam da nossa salvação. 

Tentativa 9 – “Por que a Bíblia menciona “o trono de Deus e do Cordeiro”, mas não inclui o espírito santo? (Rev. 22:1.) “Por que Paulo fala do “reino do Cristo e de Deus”, mas não inclui nesse reino o espírito santo? – Efésios 5:5.” 

Resposta Cristã – Outros dois argumentos de Silencio, e advindo de alguém que desconhece a função do Pai, do Filho e do Espírito Santo na relação deles com o homem. Deus Pai é Rei Eterno, e concede ao Filho ressuscitado, como Cordeiro, o privilégio de Reinar. Jesus, como Deus, é Rei dos reis, o seja, em todo o lugar em que Ele reina, não há outro maior do que Ele. (Apocalipse 19:13) Mas em momento algum vemos se atribuir ao Espírito Santo a função de ser Rei. Assim, Deus é Rei pela atuação do Pai e do Filho apenas. Por isso, não se menciona o trono do Espírito Santo. Mesmo assim, o Pai e o Filho reinam com o poder desse. 

Continua na Parte 2 (próxima aula).