Desta aula até a última estudaremos verdades bíblicas sobre os temas da teologia sistemática. Nesta aula você aprenderá verdades sobre a Palavra de Deus imprescindíveis para o evangelismo de sectários.
Verdades Inegociáveis sobre a Bíblia:
a. Jesus é a Palavra de Deus (João 1:1; Apocalipse 19:13). Jesus, assim é a fonte, o controlador, o sustentador e a razão de tudo o que existe[1]. É a palavra de Deus em ação antes e depois da criação. É Jesus como instrumento para revelar a pessoa de Deus Pai e fazer justiça contra os maus.[2]
b. Palavras de Deus como Comunicação Verbal.
Quanto às palavras de Deus como Comunicação verbal, temos:
“Essa é a expressão usada na teologia para indicar aqueles atos da vontade de Deus que: 1. representam o seu propósito; 2. estavam presentes com ele desde a eternidade passada; 3. são cumpridos por ele dentro do tempo e do contexto humano; 4. determinam o curso da história, coletiva ou individualmente; 5. determinam o destino espiritual dos homens e dos anjos.” [3]
2. Sobre o Cânon.
Cânon é tradução de uma palavra grega e de uma hebraica que significa “uma regra”, ou “vara de medir”. Ele é uma lista com a qual outros livros são comparados e pela qual são medidos.[4]
Temos plena certeza de quais são os livros que pertencem ao Cânon das Escrituras, por isso podemos obedecer e confiar nele de modo absoluto, e não precisaremos acrescentar nada à Escritura. – Deuteronômio 4:2.
Reconhecemos a Bíblia como a Palavra de Deus pelos seguintes motivos:
Sua autoridade. Ela mesma fala que sua fonte é divina, como o caso de profetas escreverem “assim disse o SENHOR”. O NT se refere ao AT como escritura inspirada (2 Timóteo 3:16) e a si mesmo como escritura, como ocorre quando Pedro chama as cartas de Paulo de “escritura”. – 2 Pedro 3:16. E 2 Pedro 1:21 chama a profecia como escritura de homens que falaram da parte de Deus movidos por Espírito Santo. Assim, “a autoridade das Escrituras significa que todas as palavras nas Escrituras são palavras de Deus, de modo que não crer em alguma palavra da Bíblia ou desobedecer a ela é não crer em Deus ou desobedecer a ele.”[5]
Sua veracidade. Tudo o que está escrito na Bíblia é a verdade. (João 17:17) Deus não pode mentir. (Tito 1:2; Hebreus 6:18) Se são verdadeiras, não contém erro algum em sua forma original, e se há erros nas cópias, podemos identificá-los através de comparações de milhares de manuscritos.
Sua inerrância. “Por ‘inerrância das Escrituras’ entende-se que as Escrituras nos manuscritos originais não afirmam nada contrário aos fatos.”[6] De fato, ela é perfeita. (Salmos 19:7) Se a Bíblia for errante, então Deus pode errar e mentir, e nós podemos fazer o mesmo. Deus e suas doutrinas poderiam até ser questionadas, e as nossas verdades seriam mais confiáveis do que a Bíblia.
Sua clareza. Isto significa que “a Bíblia está escrita de modo tal que seus ensinamentos podem ser compreendidos por todos os que a lerem buscando o auxílio de Deus e dispondo-se a acatá-la.”[7] Por isso lemos que os pais podem ensiná-las aos filhos (Deuteronômio 6:6, 7), que somos bem-aventurados ao meditar nela (Salmos 1:1, 2), que ela nos dá entendimento e sabedoria. – Salmos 19:7:119:130.
Sua necessidade. Dizer que as Escrituras são necessárias significa dizer que a Bíblia é necessária para se conhecer o evangelho, pois a fé vem pelo ouvir a mensagem sobre Cristo (Romanos 10:17), para conservar a vida espiritual, pois ela é nossa vida e o alimento ou o leite genuíno que procede de Deus para nos manter (Deuteronômio 32:47; 8:3; 1 Pedro 1:23-25) e para conhecer a vontade de Deus, pois ela nos prepara para distinguir o bem do mal (Hebreus 5:13, 14) e amar a Deus implica em conhecer e obedecer à sua vontade. – 1 João 5:3.
Sua Suficiência. “Dizer que as Escrituras são suficientes significa dizer que a Bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada estágio da história da redenção e que hoje contém todas as palavras de Deus que precisamos para a salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele obedecer.”[8] Elas são suficientes para nos ensinar, repreender, corrigir e disciplinar, nos tornando completos e equipados para toda boa obra (2 Timóteo 3:16, 17) e podem nos tornar sábio para a salvação. (2 Timóteo 3:15) Assim, é na Bíblia que está o que Deus quer que pensemos e façamos, e não devemos nem tirar nem acrescentar nada nela (Apocalipse 22:18, 19), nem crer em algo sobre Deus que não está escrito. (1 Coríntios 4:6). E devemos reconhecê-la como nossa única regra de fé e prática, e não fugirmos do fato de que ela condena todo tipo de pecado, explícita ou implicitamente.
3. Sobre A Inspiração das Escrituras.
A Bíblia diz: Toda a Escritura é divinamente inspirada. (2 Timóteo 3:16) Isto significa que homens falaram da parte de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo. (2 Pedro 1:21)
Qual a diferença entre revelação e inspiração? Respondendo isso, Hodge comenta: “Objetivo da revelação é a comunicação do conhecimento. O objetivo ou o desígnio da inspiração é assegurar infabilidade ao ensino. Por consequência, elas diferem, em segundo lugar, em seus efeitos. O efeito da revelação era tornar seu receptor mais sábio. O efeito da inspiração era preservá-lo do erro na ministração do ensino. […] Em linguagem popular, a inspiração visa incluir tanto a comunicação supernatural da verdade à mente, quanto um controle supernatural em tornar essa verdade conhecida a todos.” – Deus, pelo poder e atuação do Espírito Santo, moveu pessoas a pessoas a escrever exatamente o que Deus queria [9].
4. Sobre as evidências da inspiração da Bíblia?
A Harmonia Interna. A Bíblia foi escrita originalmente em três idiomas: Em hebraico e pequenos trechos em aramaico, para os trinta e nove livros que compõem o Antigo Testamento, e em grego, para os vinte e sete livros que compõem o Novo Testamento. Esse processo levou cerca de 1500 anos, mais ou menos do ano 1400 a.C. até o ano 98 d.C.. Todos os cerca de quarenta escritores usados para escrever os sessenta e seis livros da Bíblia viveram em épocas distintas, com idiomas, cultura, profissões e níveis sociais diferentes. Mas todos escreveram uma mensagem harmoniosa, sem contradições.
Os benefícios para seus leitores. Ela é inspirada por Deus e proveitosa para para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra. (2 Timóteo 3:16b, 17) Os que praticam a Palavra de Deus têm mudado de vida, através de suas verdades, abandonando vícios ou imundícies da carne e do espírito (2 Coríntios 7:1), as obras da carne pelo fruto do Espírito (Gálatas 5:19-23), passando a ter uma família mais feliz onde maridos, esposas e filhos cumprem com seus papéis familiares. (Efésios 5:22-6:4) Além disso, passam a ter um relacionamento com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. – João 14:23; 1 Coríntios 6:19.
Cientificamente correta. A Bíblia não é um livro de ciência, mas aborda verdades cientificamente comprovadas. A ciência arqueológica comprova a existência de quase todos os personagens principais, bem como cidades e locais bíblicos. A ciência da astronomia comprovou há muito que as palavras de Jó 26:7, escritas há cerca de três mil anos atrás estavam corretas: Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada. São apenas alguns exemplos.
Suas profecias. A Bíblia afirma sobre Deus: Sou eu que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam. (Isaías 46:10) Se Deus anuncia o futuro, então a Bíblia é a Palavra de Deus, pois nela encontramos profecias divinas. Muitas já se cumpriram. No Antigo Testamento, por exemplo, foi predito que Jesus nasceria da tribo de Judá e descendente de Davi (Gênesis 49:10; 2 Samuel 7:12, 13; Mateus 1:1), que Ele nasceria em Belém (Miquéias 5:2a; Mateus 2:1, 2) que Ele levaria nossos pecados (Isaías 53:5; João 1:29), que Ele seria traído por trinta moedas (Zacarias 11:12, 13; Mateus 27:3).
O testemunho de Jesus Cristo. O Filho de Deus disse: A tua palavra é a verdade. (João 17:17) Disse também: A Escritura não pode ser anulada [ou falhar]. (João 10:35) Então, Jesus cria como verdadeira a Escritura inspirada.
Portanto, não tenhamos dúvida da inspiração bíblica. Que tenhamos prazer nos decretos de Deus; e não nos esqueçamos de sua palavra. – Salmos 119:16.
Conclusão
Estas verdades aprendidas nessa aula jamais podem ser esquecidas. Devemos estar sempre prontos a usá-las. Na próxima aula veremos como fazer isso quando as seitas deturbam uma ou mais dessas verdades.
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[1] R. N. Champlin. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, p. 627. Volume 6. São Paulo, Hagnos, 2001.
[2] Simon Kistemaker. O Comentário do Novo Testamento – Apocalipse, pp. 657, 658. São Paulo, Cultura Cristã, 2004.
[3] R. N. Champlin. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, p. 4107. Volume 6. São Paulo, Hagnos, 2001.
[4] Dicionário Bíblico Tyndale, p. 257. Santo André, SP, Editora Geográfica, 2015.
[5] Wayne Gruden. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva, p. 44.
[6] Wayne Gruden. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva, p. 59.
[7] Wayne Gruden. Teologia Sistemática – Atual e Exaustiva, p. 73.
[8] Wayne Gruden. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva, p. 86.
[9] Teologia Sistemática, p. 116, 117.