Introdução
Se você decidiu aprender sobre seitas e heresias para vencer debates, as aulas deste curso não são recomendadas para você. Mas se você adquiriu este curso para aprender mais sobre o tema com a intenção de evangelizar adeptos de seitas, seja bem-vindo(a) ao nosso estimado rol de alunos do Curso Apologética Cristã do Instituto Apologético Cristo Salva.
A Importância deste Estudo.
Conhecer o que é uma seita, com suas heresias, é uma nota de utilidade pública, pois vidas estão envolvidas. Os adeptos de seitas estão perdidos em seus pecados doutrinários, contra a Bíblia, Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e contra a sã doutrina no que diz respeito às verdades sobre o ser humano, anjos e demônios, Igreja, as últimas coisas (escatologia) e vida eterna.
A presente obra é trabalho de vasta pesquisa para capacitar os leitores a evangelizar adeptos de seitas. Paulo disse que fazia de tudo para “salvar alguns”. (1 Coríntios 9:19-23) E nós precisamos imitá-lo. (1 Coríntios 11:1) Está você preparado para evangelizar adeptos de seitas?
Usos de “Seita” e “Heresia” na Bíblia.
Para iniciarmos nosso estudo, é importante definirmos os vocábulos “seita” e “heresia”. É importante sabermos o significado desses termos na língua grega. As palavras “seita” e “heresia” têm uma história interessante. Ambas vêm do grego “háiresis”. Do grego “háiresis” vem a palavra “heresia”, em português. Mas “háiresis” foi vertida para o latim por “secta”, que tornou-se seita em português, e significa “preferência, escolha”; “aquilo que é escolhido”. O Dicionário Vine[1] define respectivamente “heresia” e “seita” da seguinte forma:
Dependendo do contexto, “háiresis” poderia ter um bom ou mal significado. Os cristãos, por exemplo, foram chamados de “háiresis”, ou “seita”, pois este termo, neste contexto, referia-se a um grupo que tinha preferência por Cristo em vez de seguir o judaísmo.
Os Usos de “háiresis” no Novo Testamento
Assim, “háiresis” é traduzido por “seita”. “Seita” vem de “secta”, do latim, ou “heresia”, e ocorre em nove textos bíblicos, sendo que os seis primeiros sem o sentido pejorativo, referindo-se a partido, escolha, entre judeus (fariseus) ou dos cristãos (seita dos nazarenos, o Caminho). Vejamos quais textos são esses:
Nesses seis primeiros textos acima, “háiresis” é seita não na acepção maligna, destrutiva, mas com o significado de mera escolha, preferência, um dos partidos de uma religião ou forma de adoração.
Nos textos de Atos 5:17 e 15:5, “seita dos saduceus” e “seita dos fariseus” referem-se a partidos religiosos entre os judeus da época. Em Atos 26:5, a “seita mais severa” da religião judaica de Paulo eram os fariseus. Mas nada de pejorativo, depreciativo.
Nos textos de Atos 24:5, 14, os cristãos foram chamados de “seita dos nazarenos” e “seita” pelos judeus não no mau sentido, mas como mais um partido religioso da época. E em Atos 28:22, fala-se dos cristãos como “seita impugnada” pois falava-se mal do grupo dos seguidores de Jesus, mas a palavra “seita”, em si”, significa apenas aqui um “partido”.
Com o tempo, os escritores do Novo Testamento passam a usar “háiresis” para significar opinião ou preferência contrárias à Palavra de Deus. Observe como nos textos a seguir, “háiresis” é usada de forma pejorativa, denotando divisão que gera a ruína e a perdição:
Nesses três textos anteriores, “seita” (impugnada), “partidos”, “facções” e “heresias” são traduções da palavra grega “háiresis”, cujo significado é depreciativo, contrário ao que Deus deseja e espera de sua Igreja.
Em 1 Coríntios 11:19, Paulo usa de ironia ao afirmar que os partidos, ou divisões, são necessários para se distinguir o cristão aprovado do não-cristão. A palavra “seitas” (“facções”) está entre as obras da carne, as quais levam pessoas à perdição.
Em Gálatas 5:20, “facções”, ou “divisões” entre irmãos faz parte das obras da carne, cujos praticantes não herdam o reino de Deus.
E em 2 Pedro 2:1, “háiresis” é descrita como ‘destruidora’. Assim, definimos seita, do ponto de vista teológico, como “um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas.” [2]
Algumas Seitas e suas Heresias nos Primeiros Séculos da Igreja.
Na história da Igreja Cristã, nos cinco primeiros séculos, “heresia” foi o termo usado para designar os desvios doutrinários contra a pessoa de Cristo, daí a expressão “heresias cristológicas”.
Com o tempo, a palavra “heresia” passou a ser usada para outros desvios doutrinários além da pessoa de Cristo, e seita passou a ser usado como um ajuntamento de pessoas com a finalidade de praticar desvios doutrinários.
Os Tipos de Sectários e Como Lidar Com Eles?
Há cinco tipos de sectários, ou seja, pessoas que vivem nas seitas e/ou se desviaram para prestar atenção a doutrinas de demônios.
Primeiro, aqueles que saíram de nós, mas não eram dos nossos. (1 João 2:19) Viveram como membros de nossas Igrejas Cristãs, mas abandonaram a nós e a Cristo. Se eles, em seu coração, de fato tomaram uma decisão consciente, a ponto de passar a nos criticar, a Bíblia diz que eles jamais retornarão. – Hebreus 6:4-6.
Segundo, há sectários que, iguais ao filho pródigo, desviam-se momentaneamente, por fraqueza espiritual, mas podem retornar. Como não sabemos quem se desviou para sempre ou momentaneamente, podemos ajudar a todos a se arrepender e retornar. – 2 Timóteo 2:25.
Terceiro, os que nasceram nas seitas. A estes devemos demonstrar um amor dobrado, pois nunca viveram entre nós. São escravos de suas seitas, sem conhecer as verdades da Bíblia.
Quarto, os falsos cristãos que estão ainda entre nós. (Atos 20:28-31) Se depois de muitas tentativas amorosas para restabelecê-los na fé, caso persistam em ensinar heresias ou divisões que violam o corpo de doutrinas centrais da fé, estes devem ser expulsos do nosso meio. – Tito 3:10.
Um quinto tipo de sectário, o mais perigoso, é aquele que, não se contentando em desviar-se da fé e abandonando a Cristo e sua Igreja, em vez de ficar quieto em sua nova religião ou filosofia de vida, torna-se um apóstata (ou herege) militante. Ele faz questão mas não podemos em hipótese alguma recebê-los em nossos lares ou igrejas para nos ensinar suas heresias. (2 João 7-11) A Bíblia nos exorta a evitá-los. – Romanos 16:17, 18.
Quanto a nós, Igreja, é preciso permanecer fiéis à sã doutrina, mesmo que nosso conhecimento não esteja à altura de refutar a argumentação de lobos em nosso meio. – 1 Timóteo 4:15, 16; Tito 1:9.
Precisamos defender a fé cristã, mesmo que seja necessário expor o erro diante dos outros. – 2 Timóteo 4:2.
Como Jesus (Mateus 4:4, 7), use sempre a Bíblia como a espada do Espírito que expõe e refuta as heresias ensinadas tanto em nossas igrejas como nas seitas que lhe assediam sempre, visando desviá-lo do Caminho. – Efésios 6:17; Hebreus 5:14.
Como Identificar uma Seita ou Heresia?
Como identificar uma seita pseudo cristã, se seus ensinos muitas vezes parecem ser baseados na Bíblia? Por que para muitos é tão difícil diferenciar seita de igreja cristã?
Sabemos que seita é grupo de pessoas que praticam desvios doutrinários, os quais são chamados de heresias. Tais desvios doutrinários não são meros equívocos de interpretação, mas uma afronta às doutrinas centrais do Cristianismo. Todavia, nem sempre é fácil identificar uma seita, pois muitas delas se parecem demais com nossas igrejas cristãs. Seus adeptos, sempre bem treinados para defender as heresias de seus respectivos grupos, usam a linguagem e os trejeitos cristãos, abordam assuntos, de início, biblicamente corretos, de modo que o cristão acaba por concluir não se tratar de seita. Quando eles percebem que nossos irmãos caíram na armadilha teológica deles e estão envolvidos com a forma amorosa de serem tratados nos encontros da seita, então os sectários começam a mostrar as cartas que eles tinham na manga. Daí a importância de se estudar seitas, para já sermos informados quais as seitas e suas marcas inconfundíveis. Entre elas, veremos que as seitas:
(a) Usam livros além da Bíblia. Veja como encaram esses livros: (1) Não são inspirados como a Bíblia, portanto são menos importantes do que ela, mas indispensáveis para se conhecer a verdade que conduz à vida eterna; (2) São tão inspirados quanto a Bíblia, mas com uma importância menor; (3) São tão inspirados quanto a Bíblia, contudo mais atuais e melhores para se conhecer a verdade; (4) São inspirados, mas a Bíblia é em partes, em outras não é; (5) Não usam livros nenhum, mas a pregação deles é a palavra de Deus pregada explicando a Bíblia, e pobre de quem discordar!
(b) Negam que Jesus seja Deus e o rebaixam de posição. O Jesus deles pode ser: (1) Um deus menor; (2) A mesma pessoa que o Pai e o Espírito Santo; (3) Um anjo mais importante; (d) Um mero profeta; (e) Metade deus, metade homem; (f) Um outro deus além do Pai e do Espírito Santo; (g) Um espírito que pecou e se tornou puro através de milhares de reencarnações.
(c) Defendem a salvação pelas obras, a fim de submeterem seus membros a trabalho árduo na divulgação de suas heresias. Essas obras podem ser (1) Obras que a Bíblia ensina o cristão a praticar, mas se tornam requisitos para a salvação, como o batismo, o jejum, a caridade; (2) Obras que a Bíblia nem menciona, mas são invenções de seus líderes, como ingestão de chás, pagamento de promessas absurdas; (3) Obras mencionadas na Bíblia, mas mal interpretadas, como batizar mortos, casamento por toda a eternidade, etc.
(d) São exclusivistas, ensinando serem os únicos detentores da verdade. Seu exclusivismo pode ser: (1) Apregoar que somente membros da seita deles serão salvos; (2) Promover-se como o restabelecimento exclusivo da religião verdadeira após um longo período de apostasia, que terminou quando a seita foi fundada; (3) Ensinar que eles são a Igreja verdadeira visível, mas a maioria dos cristãos estão em Babilônia, o império mundial da religião falsa, e que esses cristãos precisam sair de lá para serem salvos; (4) Admitem que todos um dia acabarão sendo salvos, nesta ou em outras vidas, mas ao mesmo tempo apregoam ser a religião mais evoluída de todas.
(e) Líderes polêmicos, com ensinos polêmicos. Tais ensinos podem ser (1) Falsas profecias que não se cumprem; (2) Interpretações aberrantes da Bíblia; (3) Apelo excessivo ao dinheiro em troca de bênçãos; (4) Enaltecimento próprio; etc.
Conclusão.
Lendo e estudando este material, você aprenderá, então, como as seitas deturpam todas as doutrinas da fé cristã, e como refutar seus ensinos desvios doutrinários, suas heresias.
Primeiramente, iremos estudar um pouco sobre as origens de muitas heresias nos idos dos primeiros séculos da Igreja Cristã. Depois veremos que muitas dessas heresias antigas surgiram novamente nos últimos duzentos anos. Em seguida, veremos por que é difícil evangelizar adeptos de seitas, e como podemos nos preparar para o evangelismo deles. Veremos também as marcas de uma igreja verdadeira. E das aulas 9 a 30, partiremos da teologia sistemática cristã, com doutrinas ordenadas por assuntos, e observaremos como as seitas negam as verdades contidas na Bíblia sobre ela mesma, Deus, a pessoa de Cristo, a pessoa e obra do Espírito Santo, as doutrinas sobre a salvação, o homem, os anjos, a Igreja e a escatologia (estudo dos últimos eventos). E sempre usando a Bíblia como meio de distinguirmos “o certo do errado”. Hebreus 5:14.
Portanto, que este curso seja um meio de você ser usado pelo Espírito Santo de Deus para “convencer os contradizentes” (Tito 1:9) de seus pecados doutrinários, para que eles venham a ser salvos e tenham vida eterna, unicamente através do nome de Jesus Cristo. – Prof. Fernando Galli.
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[1] O Dicionário e W. E. Vine, nas páginas 691 e 979.
[2] Dr. Walter Martin, O Império das Seitas, p. 11. Volume 1. Editora Betânia, São Paulo, 2019