AS HERESIAS MARIANAS COMEÇARAM CEDO
O apóstolo Paulo alertou os cristãos da Igreja de Éfeso: Eu sei que […] dentre vós mesmos se levantarão homens falando coisas distorcidas para atrair os discípulos para si. Portanto, estai atentos.” (Atos 20:29-31) No caso do conceito cristão sobre Maria, muitos líderes cristãos, que até nos ajudaram a fundamentar, mediante exclusivamente às Escrituras, doutrinas como a Trindade e o Inferno de Fogo, deixaram-se adulterar por conceitos extremamente fora das Escrituras, através de tradições humanas que visavam coadunar o culto da deusa-mãe dos gregos e a fé cristã, acrescentando ensinos à Bíblia e pior, contradizendo-a. Veja como muitos cristãos na história da Igreja afirmaram crenças não endossadas na Bíblia:
➽ Orígenes de Alexandria ( 253 d.C.): Orígenes foi o primeiro a abordar o assunto. Em um de seus fragmentos preservados na Patrologia Graeca; Maria é chamada por Isabel não só “Mãe do meu Senhor” mas também “Tu, minha Senhora” (Hom. ins. Lucam, hom. VII; ed. Rauer, Origenes Werke, t. IX, p. 48 (ex catem Macarii Chrysocephali). Cf. PG 13,1902 D)
RESPOSTA CRISTÃ – Chamar Maria de minha Senhora não é bíblico. Primeiro, porque ela não nos ouve. Apenas Deus é ouvinte de oração. “Ó tu, que ouves a oração! A ti virão todas as pessoas.” (Salmo 65:2) Segundo, em sentido religioso e espiritual, a Bíblia chama apenas de Senhor a Deus. Fora deste contexto, senhor apenas é um mero título de respeito, podendo ser usado para qualquer ser humano. Chamar Maria de minha Senhora é uma invenção dos pais de Igreja, e terão que responder por isso um dia diante de Deus. O Senhorio pertence apenas a Deus, por isso a Bíblia diz haver apenas um só Senhor, sem jamais dizer e uma só senhora. – Efésios 4:5.
➽ Efrém da Síria ( 373 d.C.): Efrém é sem dúvidas um dos maiores marianos do século IV. Sua mariologia se assemelha muito com a da Idade Média; ele escreve:
“…Virgem augusta e protetora, rainha e senhora, protege-me à tua sombra, guarda-me, para que Satanás, que semeia ruínas, não me ataque, nem triunfe de mim o iníquo adversário” (Efrém da Síria, Idem, Oratio and Ss.mam Dei Matrem; Opera omnia, Ed. Assemani, t. III (graece), Romae,1747, p. 546.)
A encíclica também preserva outra oração, na qual Efrém coloca na boca de Maria as frases:
“Erga-me o firmamento nos seus braços, porque eu estou mais honrada do que ele. O céu não foi tua mãe, e fizeste dele teu trono. Ora, quanto mais se deve honrar e venerar a mãe do Rei, do que o seu trono!” (Efrém da Síria, Hymni de B. Maria, ed. Th. J. Lamy, t. II, Mechiniae,1886 Hymn. XIX p. 624.)
RESPOSTA CRISTÃ – Novamente, pecam contra as Escrituras. A Bíblia fala sobre Deus nos proteger. “Pois tu, SENHOR, abençoas o justo; com o teu favor tu o proteges como um escudo.” (Salmos 5:12) Não se ora exceto para Deus pedindo proteção. No máximo ele designa anjos para nos proteger, como resposta às orações, mas nem para anjos se ora: “O anjo do SENHOR acampa ao redor dos que o temem e os livra” (Salmos 34:7) Onde lemos na Bíblia que pessoas já falecidas aguardando a ressurreição dos mortos ouvem orações e são instrumentos de Deus para nos dar proteção? Em lugar nenhum! Nem Jesus, na oração do Pai-Nosso, admitiu haver outro ser além de Deus, que nos livra do mal. (Mateus 6:13) Mesmo que os católicos afirmem: ‘Mas e se Deus quer que Maria nos proteja’, perguntaríamos: Baseados em que vocês imaginam Deus querer tal ato? Simplesmente, se calarão com a Bíblia e apelarão para a tal “T”radição!
E para piorar, afirmar que Maria é mais honrada do que os céus e o firmamento, e que se deve honrá-la muito mais do que a eles, realmente puseram na boca de Maria o que ela jamais disse E MUITO MENOS DIRIA. Não lemos um único caso nas Escrituras de criaturas celestiais exaltando a si próprios. Maria, pelo contrário, era humilde, maleável nas mãos de Deus. Ela dizia: Aqui está a serva do Senhor. Cumpra-se em mim a tua palavra.” (Lucas 1:38)
Então, perceba a contradição entre a Maria da Bíblia e a Maria da Tradição Católica: A primeira é humilde, a segunda é orgulhosa, metida a querer ser mais exaltada do que os céus e o firmamento. Realmente, uma grande mentira que Satanás trouxe no seio da Igreja Católica para desviar pessoas da seguinte verdade: Apenas Deus é descrito como merecendo honra e glórias acima dos céus. “Ó Deus, sê exaltado acima dos céus; a tua glória esteja sobre toda a terra.” – Salmo 57:5, 11; 108:4.
E onde a Bíblia diz que Maria é mãe do Rei, Jesus (Deus), nos céus? Maria, de fato, foi mãe do Deus-homem aqui na terra, tanto que Isabel a chama de mãe do meu Senhor. (Lucas 1:43) Mas no céu? Impossível! Nem em seu corpo ressurrecto Jesus a chama de Mãe. Nada nas Escrituras atestam isso! E apenas Deus é nosso Rei, em sentido espiritual, através do Pai, chamado de Rei da Glória, (Salmos 24:7-10) e do Filho, o Rei dos reis (Apocalipse 19:13). Embora os cristãos sejam chamados de reis, em Apocalipse 5:9, 10, o texto diz que eles o são sobre a terra. Ou seja, como embaixadores de Cristo (embaixador é quem substitui a Cristo, o Rei), reinamos na terra como reis. (2 Coríntios 5:20) Toda a Igreja reina sobre a terra, não tendo ninguém mais importante do que o outro.
E para sacramentar a resposta cristã, a única referência bíblica a uma suposta rainha nos céus está em Jeremias 44:25: “Assim fala o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Vós e vossas mulheres prometestes e com as vossas mãos o cumpristes, dizendo: Certamente cumpriremos os votos que fizemos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe apresentar ofertas derramadas. Portanto, confirmai e cumpri os vossos votos!”. Aqui, provavelmente fala-se de uma deusa suméria chamada Inana, que se refere à deusa Istar dos babilônios. Assim, rainha dos céus é título para deusas falsas.
➽ 3. Ambrósio de Milão ( 397 d.C.): Embora Santo Ambrósio não chegue a chamar Maria de ‘Rainha’; mostra como os cristãos de sua época viam Maria. Maria para eles, era vista com uma nobreza ou glória magnífica; que ele escreve:
“O primeiro impulso de aprender é inspirado pela nobreza do professor. Agora, quem poderia ser mais nobre do que a Mãe de Deus? Quem mais esplêndido do que ela, a quem o Esplendor escolheu, Quem mais casto do que ela, que deu à luz a um corpo sem contato corporal? O que devo dizer, então, sobre todas as outras virtudes? Ela era virgem, não só no corpo, mas em sua mente, bem como, e nunca misturou a sinceridade de suas afeições com duplicidade.” (Ambrósio, De virginibus 2, 2,7; PL 16:220;)
Frases como esta, mostram que poderia ser comum o título de Senhora e Rainha para Maria nos primeiros séculos do Cristianismo.
RESPOSTA CRISTÃ – Afirmar que ninguém era mais nobre do que Maria, aqui na terra, em sentido espiritual, até seria tolerável, pois a final de contas poderíamos raciocinar: Não seria óbvio Deus ter escolhido a mulher que ele achava mais virgem em sentido espiritual, menos contaminada possível pelo pecado, com um exemplo de vida esplêndido e casto, sem duplicidade de vida,a ser imitado, para ser a mãe do homem que era Deus, Jesus? Quanto a isso, não vemos heresia. O problema é usarmos estas palavras de Ambrósio para endossar heresias jamais ensinadas nas Escrituras.
➽ Jerônimo de Estridão ( 347 d.C.): Jerônimo de Estridão expõe o próprio parecer acerca das várias interpretações do nome de Maria:
“Saiba-se que Maria, na língua siríaca, significa Senhora” (Jerônimo, Liber de nominibus hebraeis: PL 23, 886.)
Novamente, temos aqui um exemplo cristão; que ao explicar o significado do nome de Maria; acaba a atribuindo o título de ‘Senhora’.
RESPOSTA CRISTÃ – O problema é que a Bíblia não foi escrita, originalmente, em siríaco. O nome do deus falso, Baal, adorado nos dias do profeta Elias, nas línguas faladas naquela região significava senhor. Nem por isso poderíamos insinuar qualquer relação entre servos de Deus, anjos e o próprio Deus com esse falso Deus apenas pela similaridade de significados de nomes e títulos. O mesmo podemos afirmar sobre o nome Maria. Não é porque Maria, em siríaco, significa senhora que forçosamente ela de fato será considerada por cristãos como Senhora, à luz da Bíblia.
➽ Pedro Crisólogo ( 450 d.C.): Esse bispo do século V, mostra o mesmo que os outros pais já citados. Ele via no nome de Maria, sua grandiosidade e nobreza:
“Mesmo antes de o anjo[Gabriel] anunciar o plano de Deus, a dignidade da Virgem foi anunciada por seu nome pela palavra hebraica ‘Maria’ que é traduzida em latim como “Domina”[‘senhora’] .Daí o anjo chama-lhe Senhora, para que o medo próprio a servidão pudesse deixá-la,a Mãe do Mestre. Pois, a autoridade de seu Filho decretou e trouxe-a que ela deveria nascer e chamar-se Senhora” (Pedro Crisólogo, Sermão 142, 2; PL52:570)
E também a dá o glorioso título de “Regina totius exstitit castitatis” :
“‘Bendita és tu entre as mulheres’(Lucas 1, 42). A virgem é verdadeiramente abençoada, pois ela possuía o esplendor da virgindade e alcançou a dignidade da maternidade. Ela é verdadeiramente abençoada, pois ela mereceu a graça de uma concepção divina e usou a coroa de integridade. Ela é verdadeiramente abençoada, pois ela recebeu a glória do Filho divino e é a rainha de toda a castidade.” (Pedro Crisólogo , Sermão 143, 7; PL 52:584)
RESPOSTA CRISTÃ – Concordamos em gênero, número e grau que Maria foi verdadeiramente abençoada com o ímpar privilégio de ser a mãe do Salvador, Jesus Cristo. Todavia, o fato de o nome Maria, significar soberana senhora não significa que ela o seja nos céus, afinal, apenas Deus é soberano do ponto de vista espiritual. Veja:
Salmos 95:3 Porque o SENHOR é o Deus soberano, o grande Rei acima de todos os deuses.
Se apenas Deus é soberano, o fato de um nome próprio significar soberano não implica que uma pessoa com o nome Maria seja soberana em sentido espiritual. A Bíblia, em hebraico, contém nomes com significados do tipo Deus é Ele, quem é semelhante a Deus, Deus é Justo, mas nem por isso estas pessoas têm os atributos embutidos no em sua pessoa. Muito menos o anjo Gabriel, ao usar o nome Maria, a chama de Senhora, apenas por seu nome significar tal coisa. Se isso fosse verdade, os apóstolos teriam sido os primeiros a chamarem Maria de Senhora, já que a igreja fundamenta-se na doutrina de Cristo e dos apóstolos (Efésios 2:20), mas jamais lemos tal ensino na Bíblia.
Outro ponto é: Onde a Bíblia diz que Maria é a rainha de toda a castidade? Em lugar nenhum. Ainda que ela fosse o maior exemplo de castidade já dado, mesmo assim ela precisou do sangue de Jesus para purificá-la de seus pecados. (1 João 1:7) E ensinar que ela nunca pecou é uma tremenda mentira. Paulo diz: Todos pecaram (Romanos 3:23) Não se aponta na Bíblia pessoas que jamais pecaram, exceto Jesus, pois Ele é o lógos encarnado. (João 1:14) Maria não é o lógos.
Por fim, dizer que ela recebeu a glória de Jesus gera conflito com as Escrituras. Se Jesus é Deus, e Deus não divide sua glória com criatura alguma (Isaías 42:8), como afirmar que Jesus deu de sua glória a Maria? E qualquer tentativa de usar textos bíblicos que falam de cristãos em corpos glorificados na ressurreição ou recebendo glórias, tudo isto será em vão, pois apenas provará que todos nós receberemos corpos glorificados, portanto, nada que seja apenas uma prerrogativa para Maria.
➽ Epifânio de Constantinopla (535 d.C.): No século VI, Epifânio, bispo de Constantinopla, escreve ao Papa Hormisdas pedindo a conservação da unidade da Igreja:
“mediante a graça da Trindade una e santa e por intercessão de nossa Senhora, a santa e gloriosa virgem Maria, Mãe de Deus” (Relatio Epiphanii Ep. Constantin.: PL 63, 498D)
Esse é um dos mais antigos relatos onde é usado o termo “Nossa Senhora”.
RESPOSTA CRISTÃ – Realmente, todos os cristãos podem ser intercessores uns dos outros. Não acho impossível que Maria e tantos outros que aguardam no paraíso a ressurreição, orem a Deus pelos habitantes da terra, pela igreja de Cristo, mesmo que nada saibam sobre o que acontece aqui. Por exemplo, se minha mãe morrer, partir e estiver com Cristo, qual o problema de eu imaginar que ela ora por mim, porque se lembra de mim onde ela está? Nenhum! É possível isso, pois orar pelos outros é um privilégio de todo crente e nada nos separa do amor de Deus que está em Cristo Jesus. (Romanos 8:38, 39) Todavia, afirmar que Maria recebe e ouve nossas orações a ela, como se ela fosse ouvinte de orações, não tem base bíblica alguma. Então, ela não pode ser intercessora de seres humanos, individuais, que jamais conheceu! Poderia apenas, de onde ela está, saber que existe igreja, pois faz parte dela, e orar por ela. Mas nunca exercer o papel de intercessora-medianeira entre Jesus e os homens.
➽ Papa Martinho I ( 590 d.C.): No século VII o Papa Martinho I chamou Maria de “gloriosa Senhora nossa, sempre virgem” (Martinho I, Epist. XIV PL 87,199-200A).
Resposta Cristã – O título gloriosa dado a Maria vem do fato de ser crer em sua assunção ao céus, ressuscitada em corpo e alma, já glorificada como tantos outros cristãos aguardam sua glorificação na ressurreição. (Romanos 8:11) O problema é que Maria não foi assunta aos céus ou ressuscitada. Na ordem das ressurreições, Paulo menciona que o primeiro a ser ressuscitado com corpo glorificado foi Jesus, depois só haverá ressurreição na volta de Cristo. (1 Coríntios 15:23) Onde Maria entra aqui? Numa ressurreição no meio da ordem estabelecida por Deus? Jamais! Inaceitável! Seria contradizer as Escrituras.
E quanto a chamar Maria de gloriosa? Podemos imaginar que a Igreja de Cristo é gloriosa, pois todos seremos glorificados. Ela é gloriosa porque reflete a glória de Deus. Mas aplicar o termo glorioso(a) individualmente a uma pessoa aguardando sua ressurreição não tem aval bíblico, pois individualmente falando só se usa este termo no singular, destinado a Deus ou a seu trono, ou seja, sobre seu atributo régio. – Mateus 25:31; Atos 2:20; veja 2 Pedro 2:10.
➽ Papa Agatão ( 681 d.C.): O Papa Agatão numa carta sinodal enviada aos padres do sexto concílio ecumênico, chamou-a “Senhora nossa, verdadeiramente e com propriedade Mãe de Deus” (Agatão: PL 87,1221A).
➽ Papa Gregório II ( 731 d.C.): No século VIII, o Papa Gregório II, em carta ao patriarca Germano, que foi lida entre as aclamações dos padres do sétimo concílio ecumênico, proclamava Maria “Senhora de todos e verdadeira Mãe de Deus” e “Senhora de todos os cristãos” (Hardouin, Acta Conciliorum, IV, 234 e 238: PL LXXXIX89 508B.)
RESPOSTA CRISTÃ – Novamente, mais um caso de fugir das Escrituras. A Bíblia contém dezenas de textos com a expressão nosso Senhor, mas nunca nossa Senhora! – Atos 15:26; 20:21; Romanos 1:4; 4:24; 5:1, 11, 21; 6:23; 7:25; 8:39; 15:6, 30; 16:16, 18, 24; 1 Coríntios 1:2, 7-10; 15:31, 57; 2 Coríntios 1:3; 8:9; 6:14, 18; Efésios 1:3, 17; 3:11; 5:20;6:24; Colossenses 1:3; 1 Tessalonicenses 1:3; 2:19; 3:11, 13; 5:9, 23, 28; 2 Tessalonicenses 1:8, 12; 2:1, 14, 16; 3:12, 18; 1 Timóteo 1:2, 12, 14; 6:3, 14; 2 Timóteo 1:2, 14; Hebreus 7:14; 13:20; Tiago 2:1; 1 Pedro 1:3; 2 Pedro 1:2, 8, 11; 14, 16; 3:15, 18; Judas 1:17, 21, 25; Apocalipse 4:11; 18: 11:15.
Sobre ser ela mãe de Deus, já consideramos isso acima. Mas uma informação adicional, o título theotókos foi originalmente usado nos primeiros séculos da Igreja com referência à Maria não para enaltecê-la, mas para enaltecer a Cristo. Literalmente, theotókos significa portadora de Deus. De fato, Maria portou em seu ventre o Deus-homem. Então, poderíamos tolerar que Maria foi a mãe de Deus nesta acepção. Mas com o tempo, theotókos foi usado para enaltecer Maria, de modo que isto serviu de alicerce para outros títulos exagerados.
➽ André de Creta ( 740 d.C.): No século VIII; André de Creta atribuiu muitas vezes a dignidade real à virgem Maria; escreve, por exemplo:
“Leva [Jesus Cristo] neste dia da morada terrestre [para o céu], como rainha do gênero humano, a sua Mãe sempre virgem, em cujo seio, permanecendo Deus, tomou a carne humana” ( André de Creta, Homilia II in Dormitionem Ss.mae Deiparae: PG 97, 1079B.)
E noutro lugar:
“Rainha de todo o gênero humano, porque, fiel à significação do seu nome, se encontra acima de tudo quanto não é Deus” (André de Creta, Homilla III in Dormitionem Ss.mae Deiparae: I PG 98, 303A.).
RESPOSTA CRISTÃ – Novamente, usou-se rainha para Maria, e em outros casos rainha dos céus. Já vimos que não há base bíblica para isto. Também não é rainha de todo o gênero humano. A Igreja Romana apregoa que sua Tradição, para nós mera tradição, tem o poder de enaltecer Maria a esta posição. Quando a Igreja decide, Deus acata. A Bíblia fala de reis e sacerdotes (Apocalipse 5:9, 10), chama a todos os cristãos de sacerdócio real (1 Pedro 2:9), refere-se a um cristão encorajar outro à perseverança para reinarem juntos (2 Timóteo 2:12), menciona cristãos reinando por mil anos (Apocalipse 20:4), mas nunca exalta um desses reis em relação a outros. Portanto, para que tratar Maria dessa forma jamais ensinada nas Escrituras, quando se refere a “rei” em sentido espiritual? Sobre Maria ser sempre virgem, não vemos a menor evidência bíblica de tal ensino. Pelo contrário, a Bíblia ensina que José não a conheceu (ou teve relações sexuais com ela) até que desse à luz o menino Jesus. – Mateus 1:25.
Por fim, poderíamos afirmar que Maria está acima de tudo o que não é Deus? Novamente, a Bíblia nos dará as respostas. Ela fala de todos os salvos serem herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo.(Romanos 8:17; Tito 3:7) Não se fala de um desses herdeiros ser mais importante do que outros. Alguns irmãos católicos podem argumentar que Maria foi a mais humilde de todas as mulheres (pode ser!), e, por isso, deve ter sido a mais exaltada de todas. Mas Jesus não disse: Quem mais se humilhar, mais exaltado será! Ele disse: Quem se humilhar será exaltado. (Mateus 23:12; Lucas 14:11; 18:14) Outros irmãos católicos poderiam ainda argumentar: Se Jesus fala que o menor no Reino dos céus e maior que João Batista, logo há posições maiores e menores no Reino dos céus, sendo assim, Maria ocuparia, abaixo de Deus, a maior de todas as posições. (Mateus 11:11) Todavia, ainda que Maria fosse considerada, por Deus, maior que todos os anjos e salvos, não temos como biblicamente sustentar tal crença, visto que não podemos ir além das Escrituras (1 Coríntios 4:6) pois a Bíblia não ensina a dar reconhecimento especial a nenhum humano exaltado no mundo espiritual supostamente acima de outros. Outros também podem argumentar: Assim como João Batista é considerado o maior de todos os homens, pelo que fez em preparar o caminho para Jesus, assim também Maria é por nós considerada a maior de todas nos céus e na terra. Mas isto seria insustentável, pois o próprio Jesus considera João o maior de todos os homens, e evidentemente homens aqui refere-se a seres humanos. Se ele é o maior, por que Maria seria a maior nos céus? Não teria que ser João? E onde foi que Jesus enalteceu sua mãe, ou mesmo um apóstolo enalteceu a Maria, antes ou após a morte dela? Em lugar nenhum!
➽ Germano I de Constantinopla ( 740 d.C.): Germano atribuía também dignidade real à Virgem Santa:
“Senta-te, ó Senhora; sendo tu Rainha e mais eminente que todos os reis, pertence-te estar sentada no lugar mais nobre” (Germano, In Praesentationem Ss.mae Deiparae, I: PG 98 303A).
E também a chama de:
“Senhora de todos aqueles que habitam a terra” (Germano, In Praesentationem Ss.mae Deiparae, II: PG 98, 315C.)
RESPOSTA CRISTÃ – Novamente, valem-se de títulos dados a Jesus, ou a Deus, e aplicam a Maria. Senta-te, ó Senhora parece a expressão de YHWH dirigindo-se à Jesus: Senta-te à minha direita. (Salmos 110:1) Jesus é o único Senhor, por ser Deus. E a expressão mais eminente que todos os reis não se refere à Maria, mas a Jesus, pois lemos nos Salmos 89:27: farei de você o mais elevado dos reis da terra. Em sentido literal, poder-se-ia aplicar a Davi, mas em sentido espiritual, apenas Jesus ocupa essa posição, já que é o governante dos reis da terra. – Apocalipse 1:5.
➽ João Damasceno (749 d.C.): João Damasceno, considerado o “último padre da Igreja”; via da mesma maneira Maria. Ele atribuíu a ela o título de “rainha, protetora e senhora” ( João Damasceno, Homilia I in Dormitionem B.M.V: PG 96, 719A.) e também: “senhora de todas as criaturas”(De fide orthodoxa, I, IV, c.14: PG 44,1158B.).
➽ Outros: Um antigo escritor da Igreja ocidental chama-lhe: “ditosa rainha” , “rainha eterna junto do Filho Rei”, e diz que ela tem a “nívea cabeça ornada com um diadema de ouro” (De laudibus Mariae (inter opera Venantii Fortunati): PL 88 282B e 283A
➽ Ildefonso de Toledo resume-lhe quase todos os títulos de honra nesta saudação: “Ó minha senhora, minha dominadora: tu dominas em mim, ó mãe do meu Senhor… Senhora entre as escravas, rainha entre as irmãs” (Ildefonso Toledano, De virginitate perpetua B.M.V.: PL 96, 58AD).
RESPOSTA CRISTÃ – Lemos em Isaías 38:14 que o rei Ezequias esperava em Deus a proteção. Não há um caso nas Escrituras de atribuir-se a um humano ou anjo específico a função de protetor espiritual, exceto Deus. Nem entre os anjos, que certamente nos protegem, há um que seja especial.
Afirmar que Maria possui um diadema de ouro é controverso. É literal isso? No céu? Se é simbólico, não apenas Maria teria esse diadema, pois todos os que possuem a sabedoria de Deus a tem (Provérbios 4:9) e seria um diadema nas mãos de Deus acidade de Jerusalém. Nenhuma referência a uma pessoa em especial nos céus para ser descrita com um diadema na cabeça.
E por último, entendemos que Deus domina sobre nós. Não há um caso na Bíblia de pessoas, em suas posições celestiais, exercendo domínio sobre seres humanos.
Conclusão
Não escrevemos esta matéria para maldizer as crenças sobre Maria de nossos irmãos católicos, nem desrespeitá-los por pensarem assim. Inclusive, sabemos que a Igreja protestante e evangélica evita falar do seu grande exemplo. Nós defendemos o ponto de vista de que Maria provavelmente foi a mulher mais especial que já existiu e por isso foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus. Devemos ser gratos a Deus por tudo o que podemos aprender sobre ela nas lições de vida por ela deixada. Todavia, se jogá-la para escanteio é errado, enaltecê-la como o Catolicismo Romano faz também não é correto. Títulos como os considerados acima, no primeiro milênio da história da Igreja Cristã, atribuídos a Maria, abriram caminho para outros títulos mais exagerados ainda, como ONIPOTENTE, MEDIANEIRA, ADVOGADA, SANTÍSSIMA, entre tantos outros. De tantos títulos honoríficos atribuídos a ela, que alguns chegam a sugerir ser ela a Quarta Pessoa da Santíssima Trindade!
Assim, escrevemos este texto para explicar a nossos irmãos católicos que os pais da igreja e escritores posteriores não estiveram em harmonia com as Escrituras por atribuir a Maria títulos que não lhe pertencem, e que a tradição católica peca contra as Escrituras ao considerá-la um superman ao lado da Trindade, mas a Bíblia é sempre nossa melhor criptonita! – Pr. Fernando Galli.